Crítica: Till – A Busca por Justiça é a lembrança do horror do racismo
Baseado em fatos reais, Till – A Busca por Justiça conta a história de jovem linchado nos EUA em 1950
atualizado
Compartilhar notícia
Recentemente, a Apple TV+ lançou Emancipation, filme com Will Smith que resgata a história de Peter, homem escravizado que virou símbolo durante a Guerra Civil americana. Mesmo com o empenho do ator, o longa não é memorável. Agora, usando da mesma ideia, chega aos cinemas brasileiros, Till – A Busca por Justiça: produção sobre um jovem negro assassinado no Mississipi, nos anos 1950, nos Estados Unidos.
Linchado, após cometer o “crime” de falar com uma mulher branca, Emmet Till se tornou um símbolo da luta pelos direitos civis. Muito por conta de sua mãe, Mamie (vivida muito bem por Danielle Deadwyler), que se empenhou em buscar Justiça pela morte brutal de Bobo – apelido da criança.
É, nessa busca por Justiça, que Till (e, sim, o artíficio do texto aqui foi proposital) ganha força: a direção e o roteiro de Chinonye Chukwu exploram os momentos de drama da situação, e, no que o adjetivo novelesco tem de melhor, apoiam o desenvolvimento da brutal sensação de injustiça presente na situação.
Vale lembrar que a morte por linchamento de Emmett Till ocorreu de fato e, para piorar, a lei que criminaliza esse tipo de crime só foi aprovada em 2022.
Till – Em Busca por Justiça resgata um personagem real para trazer novamente à tona um debate que insiste em ser atual: seja nos Estados Unidos, seja no Brasil. Se a lei atual não permite linchamentos de pessoas, há algo que não opera bem por aqui. Segundo o relatório Violência Armada e Racismo, do Instituto Sou da Paz, aponta que o número de negros mortos no país são quase 4 vezes maiores que de homens não negros.
Do ponto de vista cinematográfico, Till não é um filme inventivo ou que mesmo traga uma nova forma de narrar o tema – mas, sem dúvidas, usa a simplicidade como uma linguagem para deixar que a mensagem se destaque. Um acerto de Chinonye Chukwu.