Crítica: “T2 Trainspotting” é mais atualização do que sequência
Com Danny Boyle na direção, “T2 Trainspotting” promove o reencontro de quatro arruaceiros escoceses vinte anos depois do filme original
atualizado
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Em algumas cenas de “T2 Trainspotting”, sequência do filme de 1996, os quatro arruaceiros escoceses, agora 20 anos mais velhos, contemplam o próprio passado. Às vezes, literalmente: Spud (Ewen Bremner), enquanto luta para se livrar do vício em heroína, escreve as histórias malucas do quarteto.
Esse clima de autoexame serve bem para descrever os planos de Danny Boyle para a continuação. Duas décadas depois, não há mais tanto sentido em narrar quarentões tentando reviver o hedonismo de outrora injetando heroína ou praticando atos de delinquência juvenil.
Personagens destemidos, filme medroso
Ele só parece mudado. Spud, Sick Boy (Jonny Lee Miller) e Begbie (Robert Carlyle) também encarnam versões cansadas e ásperas deles próprios. O plano da vez é abrir um bordel (ou uma sauna, segundo Sick Boy) para fazer dinheiro fácil e rápido.
“T2” pretende comentar a decadência do mundo contemporâneo por meio da acidez tipicamente escocesa de seus personagens. O problema é que esse clima de insatisfação já estava delineado e esgotado no filme original. Correndo o mínimo de risco, Boyle prefere abraçar a autocongratulação do pior jeito possível: reencenando e reprisando cenas do filme de 1996.
Para quem gosta dos trabalhos de Boyle, está tudo lá: os frames congelados, a câmera vagando junto ao teto, os personagens em discursos inflamados, a boa trilha sonora, o clímax que mais parece uma instalação artística de luzes coloridas.
“T2” joga com esses elementos, mas recusa o risco. Mal dá para chamar de continuação, mas de reboot. Um produto feito para funcionar em função do outro. Abordagem no mínimo contraditória para um filme sobre personagens que vivem a vida sem freios, sem limites.
Avaliação: Regular
Veja horários e salas de “T2 Trainspotting”.