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Crítica: Star Wars dá dois passos para trás em Ascensão Skywalker

J.J. Abrams “anula” Os Últimos Jedi (2017) ao pesar a mão no fan service e empilhar soluções gastas para encerrar nova trilogia

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1 de 1 star-wars-ascensao-skywalker-lucasfilm6 - Foto: Lucasfilm/Disney/Divulgação

Star Wars: A Ascensão Skywalker, de J.J. Abrams (O Despertar da Força), parece carregar a assinatura de fãs raivosos que odeiam Os Últimos Jedi (2017), certamente o solitário (e, pelo jeito, derradeiro) ponto de ousadia – se não completamente concretizada, mas pelo menos arriscada – da Disney na condução da nova fase da saga. O resultado é um entulho de filme que poderia se chamar A Última Esperança, Os Jedi Renascem ou qualquer bobagem nostálgica do tipo.

Atenção para possíveis spoilers!

Há quatro anos, O Despertar era chamado por alguns de Fan Service: O Filme. Mal sabíamos que Abrams, Kathleen Kennedy, presidente da Lucasfilm e principal produtora de SW, e Disney poderiam apelar ainda mais no exercício confortável de autocongratulação infantil, espelhamento cínico do passado, ode à saudade e adoração à trilogia original.

P.S.: a trinca 1977/1980/1983 é, sim, especial – apesar de este crítico não morrer de amores por O Retorno de Jedi. Mas, poxa, não dava para ser um pouquinho menos conservador, covarde e medroso no Episódio IX?

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Duelo entre bem e mal: ideias gastas retornam com tudo à franquia no Episódio IX
Lando (Billy Dee Williams) voltou, mas em papel discreto
As cenas finais de Carrie Fisher como a General Leia Organa: clima de despedida
Vibe da trilogia original: do primeiro ao último plano
Pôster de Star Wars: A Ascensão Skywalker
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Ben Solo, que mais tarde assumiu o nome de Kylo Ren, é um personagem do universo de Star Wars, servindo como o principal antagonista da terceira trilogia

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Duelo entre bem e mal: ideias gastas retornam com tudo à franquia no Episódio IX

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Lando (Billy Dee Williams) voltou, mas em papel discreto

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As cenas finais de Carrie Fisher como a General Leia Organa: clima de despedida

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Vibe da trilogia original: do primeiro ao último plano

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Pôster de Star Wars: A Ascensão Skywalker

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O tiro de blaster na testa de Últimos Jedi chamado Ascensão Skywalker dura 141 minutos (2h21min), mas tem o ritmo desengonçado de uma corrida contra o tempo impossível de se vencer. Funcionando quase como sequência direta de O Despertar, o longa empilha diálogos expositivos quase minuto a minuto. Pudera.

Haja tempo para acomodar tanta homenagem ao passado e ainda dar um desfecho minimamente satisfatório à multidão de novos personagens. Aqueles rascunhos de ideias passadistas de O Despertar são retomados com gosto por Abrams.

Os haters de Último Jedi reclamaram tanto na internet que a Disney acatou o pedido dos clientes. “Ok, galera, nada de Força ‘de graça’ para qualquer ser anônimo da galáxia. Star Wars voltou a ser clubinho de quem tem sobrenome”. Ascensão Skywalker parece um pedido de desculpas pela existência de Últimos Jedi – um filme que, vale lembrar, não foi fracasso coisa nenhuma (US$ 1,3 bilhão, maior bilheteria de 2017).

Nem os fantasmas e os “aposentados” têm direito a descanso. Luke (Mark Hamill) e Han Solo (Harrison Ford) ressurgem em espírito para aconselhar os jovens, Lando Calrissian (Billy Dee Williams) larga a velhice em reclusão para participar de mais uma guerra e o Imperador Palpatine (Ian McDiarmid) retorna dos mortos – um oferecimento de Darth Plagueis – com velhos truques que continuam não dando lá muito certo.

Os heróis da nova geração também entram “na linha”, zanzando como decalques de ídolos passados. Rey (Daisy Ridley) vira Luke, atraída pelo lado sombrio e abalada por visões repentinas de seu passado – sim, ela é parente de alguém. Poe (Oscar Isaac) preenche a lacuna deixada por Solo, usando seus contatos nas quebradas da galáxia para ajudar os amigos. Kylo Ren (Adam Driver) volta a ser fanboy do vovô Vader, enforcando generais da Primeira Ordem, se escondendo atrás de uma máscara e esculachando geral ao lado de sua gangue gótica, Os Cavaleiros de Ren.

Sutilmente, até os nomes de batismo mudam: Primeira Ordem retorna ao status de Império, os membros da Resistência passam a ser taxados de rebeldes. A Ordem Final de Palpatine, nutrida em segredo há décadas, envolve despachar uma frota descomunal de destróieres equipados com armas destruidoras de planetas – outra ideia reciclada – para dizimar quem não se curvar aos Sith. Pasme: há um ponto fraco facilmente identificável.

Bom, não dá para dizer que faltaram coisas novas em Ascensão: um beijo gay que dura um segundo, stormtroopers vermelhos bonitões. Prometo pensar em mais elementos.

Todos os problemas enumerados nos parágrafos anteriores soariam, vá lá, passáveis se o Episódio IX fosse pelo menos razoavelmente bem dirigido. Mas Abrams ligou o piloto automático e pronto. As cenas de incursões suicidas em solo inimigo não exalam qualquer vibração, os jogos mentais entre Rey e Kylo funcionam como mero apoio para revelações manjadas, os confrontos de sabre de luz parecem ter sido coreografados por um profissional de ressaca. Não há respiro visual nenhum, do primeiro ao último plano – ah, os dois sóis.

A boa notícia de A Ascensão Skywalker é que, por ora, não teremos Episódio X ou um novo Star Wars tão cedo – pelo não antes de 2022. Tempo suficiente para a Disney reavaliar sua relação truncada com o fandom – o que parece um tanto improvável – e apresentar narrativas futuras com algum fiapo de convicção criativa e comercial.

Avaliação: Ruim

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