Crítica: “Star Trek – Sem Fronteiras” só empolga no visual caprichado
Novo filme da franquia investe em cenas de perseguição e aventura enquanto os heróis tentam vencer o vilão Krall
atualizado
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A ambição, ganância e vaidade dos estúdios em Hollywood vêm promovendo uma prática hedionda bastante comum nos dias de hoje no cinema. A degradação de grandes sucessos do passado embalados pela falsidade da pirotecnia visual e ausência agressiva de conteúdo. Um exemplo gritante é o remake abjeto do clássico “Ben-Hur”, o épico de William Wyler de 1959 estrelado por Charlton Heston, recentemente desrespeitado nas telonas numa versão 3D.
“Star Trek 3 – Sem Fronteiras”, o terceiro filme dessa fase renovada da icônica franquia criada nos anos 60 por Gene Roddenbery, não chega a ser um caso criminoso de desfiguração da sétima arte, mas com certeza vai desconcertar muitos fãs da mítica série de ficção científica que marcou uma época. A coisa já começa mal-intencionada com escalação de Justin Lin, responsável por alguns filmes da sequência “Velozes e Furiosos” – para a direção do projeto.
De modo que, o que se vê, é um roteiro agitado marcado por muitas cenas explosivas, perseguição e violência numa aventura em que se resume, desta vez, confrontar o vilão intergaláctico Krall (Idris Elba), que ataca a USS Enterprise em busca de um objeto de guerra. Após combate espacial fulminante, a equipe é dividida em grupos de dois ou mais sobreviventes perdidos em um planeta distante. Ali, impulsionados pelo extinto de sobrevivência, eles terão que lidar com suas diferenças e conflitos pessoais, ao mesmo tempo em que tentam voltar para casa.
Empolgação visual com conteúdo raso
Assim como J.J. Abrams fez com outros filmes da série e também com os novos “Stars Wars”, é visível aqui e até normal a tentativa de “modernização” desses personagens antológicos dentro de um enredo mirabolante – às vezes embalado ao som de “Sabotage” dos Beastie Boys -, mas o que pode ser empolgação visual, se dilui em conteúdo raso. Tudo potencializado por essa bobagem que é o 3D e cenas de humor fake. Os dramas existenciais do Capitão Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto, em atuação sóbria), por exemplo, ambos em dúvida se devem continuar ou não na tripulação, se perde em combate com o inimigo e muito mal desenvolvido a relação gay do piloto Hakiru Sulu (John Cho), esboçada num rápido minuto.
Com cinco décadas de existência completados este mês, milhões de fãs mundo afora, uma pena esse clássico da ficção científica ser negligenciado por revisitação fajuta e mercenária. Se não é para fazer bem feito, então é melhor nem arriscar.
Avaliação: Regular
Veja horários e salas de “Star Trek – Sem Fronteiras”.