Crítica: sob nova direção, saga Sicario muda de ares em Dia do Soldado
Filme de ação traz Josh Brolin e Benicio Del Toro em operação secreta contra cartéis que transportam terroristas para o território americano
atualizado
Compartilhar notícia
Sequência de Sicario: Terra de Ninguém (2015), filme sobre a guerra às drogas na fronteira Estados Unidos-México, Sicario: Dia do Soldado avança na franquia ao mostrar outra faceta das organizações criminosas. Desta vez, os cartéis ajudam terroristas a entrarem em território americano.
A mudança mais significativa pela qual a franquia passou de um longa para outro foi na direção. Saiu Denis Villeneuve (A Chegada), entrou Stefano Sollima, filho de Sergio Sollima (1921-2015).
Autor da ótima trama de máfia Suburra (2015), produção da Netflix, o italiano consegue equilibrar a óbvia e já esperada filiação à primeira história com uma abordagem mais franca, crua e brutal nas cenas de ação.
Quando os cartéis ganham “status” de organizações terroristas pelo governo americano, Matt Graver (Josh Brolin) recebe passe livre para resolver o problema como bem quiser.
Desta vez, sem se ater a limites éticos ou institucionais. O estado financia a operação de forma velada, seja ela qual for. Se a missão sair do controle ou algo der errado, a responsabilidade é toda de Graver. O plano arriscado envolve nada menos que sequestrar Isabel Reyes (Isabela Moner), filha adolescente de um narcotraficante, e creditar a autoria do crime a um cartel rival.
Graver recorre novamente ao agente Alejandro Gillick (Benicio Del Toro), ex-homem-forte do grupo de Medellín que viu sua família ser assassinada pelo pai de Isabela, para comandar a ação. Enquanto isso, uma subtrama mal desenvolvida acompanha a iniciação do jovem Miguel (Elijah Rodriguez) no mundo do crime. Um personagem cujo destino fatalmente cruzará com o de Gillick e Graver.
Sollima mantém um certo tom de gravidade e conspiração que evoca o primeiro Sicario – a trilha de Hildur Guðnadóttir faz questão de colaborar para que mesmo o diálogo mais enxuto ganhe ares ameaçadores. No mais, Dia do Soldado é um filme muito diferente do anterior.
A violência brota sem sutilezas: de um atentado terrorista em um supermercado do Kansas aos procedimentos nada comedidos de Gillick, como descarregar uma pistola em um inimigo indefeso e caído ou arremessar uma granada de mão no carro de moleques mexicanos que tentam acossá-lo.
Por mais tentador que seja tentar localizar referências à agressiva política de imigração de Trump, Taylor Sheridan, mesmo roteirista do primeiro filme e autor de outras histórias de violência (Terra Selvagem, A Qualquer Custo), parece estar mais preocupado em expandir o alcance da trama à guisa de sequência e estabelecer uma nova dinâmica entre os personagens principais, Graver e Gillick.
Dia do Soldado supera o pretensioso Terra de Ninguém – uma suposta crônica sobre o mal-estar da civilização ocidental diante de dilemas de fronteira – com habilidosas cenas de ação e grandes atuações de Del Toro e Brolin.
Avaliação: Bom