Crítica: reviravoltas de Um Pequeno Favor são diversão garantida
O potente trabalho de Blake Lively e Anna Kendrick aliado a um roteiro rico garantem um filme que, antes de qualquer coisa, entretém
atualizado
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Imagine um Garota Exemplar (2014) cômico. Essa é uma maneira grosseira de descrever Um Pequeno Favor, longa de Paul Feig que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (27/9). Na premissa, Stephanie (Anna Kendrick) e Emily (Blake Lively) tornam-se amigas graças à convivência de seus filhos. A dupla troca confidências e favores até a loira misteriosa sumir – assim, a amiga migra do desespero e, eventualmente, à desconfiança.
A trama é repleta de reviravoltas, de fazer o espectador se sentir, por vezes, traído. A coisa funciona graças a três elementos: os diálogos brilhantes, a edição eficiente e as atuações à prova de falha da dupla principal, resultando num filme, acima de tudo, divertido. Com personagens que parecem ter sido escritos para as atrizes, cada cena entre Kendrick e Lively é deliciosa. O primeiro diálogo entre as duas é muito divertido e é uma forma excelente de apresentá-las sem cair em muletas de roteiro.
O filme explora não só as possibilidades do feminino – a dicotomia entre a mãe que trabalha e a mãe dona de casa é o exemplo mais claro –, mas como mulher alguma deve ser subestimada. A poderosa Emily é uma personagem incômoda: uma mulher vestida “como homem” e uma mãe tão ruim quanto muitos pais por aí. Stephanie, por sua vez, parece ser apenas mais uma desmiolada com um canal no YouTube, mas não é nem um pouco boba.
Até mesmo onde o filme falha, ele acerta. A velha reviravolta das gêmeas com o corpo trocado é de se revoltar, mas é facilmente perdoável graças ao roteiro que sabe rir de si mesmo. Quando alguém fala da irmã gêmea de Emily, ela corrige: gêmeas não, trigêmeas. A pecha cumpre seu propósito de acalmar os ânimos do espectador com muito bom humor.
Um grande trunfo de Um Pequeno Favor é seu elenco diverso. Além de figurar duas mulheres nos papeis principais, o filme ainda traz um casamento interracial, bem como personagens gays e não-brancos. Mas a mensagem mais poderosa é o fundamento da amizade das protagonistas: nós mulheres precisamos parar de pedir desculpas por tudo. A trajetória de Stephanie, aliás, gira em torno deste aprendizado e culmina na última interação entre as duas. Lição dada é lição aprendida.
Avaliação: Bom