Crítica: Red Sparrow é filme de espião estiloso, mas ritmo vacila
Longa traz Jennifer Lawrence no papel de ex-bailarina obrigada a se tornar agente a serviço da Rússia
atualizado
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No filme Operação Red Sparrow, a jovem russa Dominika Egorova (Jennifer Lawrence) anda cercada por homens hediondos. A carreira de bailarina do Bolshoi termina precocemente após um acidente (?) no palco. Agora, ela se vê forçada por Vanya (Matthias Schoenaerts), seu tio, a virar uma profissional “útil” à nação, navegando pela Europa como espiã.
Para tal, Dominika é matriculada em uma escola de “pardais”, como são apelidados os agentes. Porém, não se trata de um internato qualquer. A ex-dançarina passa por praticamente todo tipo de humilhação e perversão sexual. Sai de lá formada e programada para usar seu corpo e sua mente para conseguir informações de espiões inimigos, seduzir rivais e, por vezes, assassiná-los ou desmascará-los.
A trama parece a de um filmaço. Em certo sentido, o filme bem que tenta soar grandioso e elegante. O diretor Francis Lawrence, que trabalhou com J-Law em três dos quatro Jogos Vorazes (incluindo Em Chamas, talvez o melhor da franquia), faz questão de usar ângulos abertos e interiores opacos para explorar as capacidades físicas da atriz principal, vista recentemente em Mãe! (2017), outro trabalho deveras desgastante. Se você pensou em tour de force, acertou.
Dominika, de fato, não tem lá muitas opções de carreira. Precisa urgentemente sustentar a mãe doente, Nina (Joely Richardson), e já foi longe demais na nova profissão para desistir dela. Agora, é destacada para Budapeste, onde sua missão envolve se aproximar de Nate Nash (Joel Edgerton), agente da CIA procurado pelos russos.
História de sobrevivência e espionagem
Nash saiu do país de Putin de forma misteriosa, deixando pistas de que é abastecido por um informante, um traidor do Kremlin. Os estilhaços da Guerra Fria seguem atormentando autoridades dos dois lados. Mas ninguém sofre mais do que Dominika, que vê no contato com o ocidental uma maneira de se desdobrar como espiã dupla e sobreviver em mundo contemporâneo habitado por bárbaros.
Operação Red Sparrow seria um filme melhor se não dependesse tanto de mecanismos de roteiro e de uma história tão dilatada, desenvolvida preguiçosamente ao longo de 140 minutos. De certa maneira, ser surpreendido em um jogo de espiões faz parte da experiência. E a ex-bailarina prepara baitas reviravoltas para o terço final.
Mas Francis Lawrece vai longe demais na arquitetura de engrenagens espertinhas para convencer o público de que Dominika, como certa vez definiu seu tio Vanya, está sempre um passo à frente (dos russos, dos americanos e de nós, o público). Uma história vacilante salva por uma grande interpretação.
Avaliação: Regular