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Crítica: Pequena Grande Vida força reflexão social com discurso raso

Longa propõe o encolhimento da sociedade para combater superpopulação no planeta

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Pequena Grande Vida (2017) é a mais recente aposta do diretor Alexander Payne – três vezes indicado ao Oscar de melhor direção e outras três como melhor roteiro. Com enredo original, a ficção científica cômica propõe uma solução inusitada para salvar o planeta Terra: reduzir o tamanho das pessoas, mas peca na problematização com argumentos previsíveis e clichês. O filme estreia nesta quinta-feira (22/2) nos cinemas brasileiros.

Como em outras produções de Payne, a sátira social é parte importante do longa. O roteiro assinado pelo diretor em parceria com Jim Taylor aguardou 11 anos para sair do papel e mostra que a superpopulação está prestes a levar o planeta a um colapso. Pensando nisso, cientistas noruegueses realizam um feito grandioso. Descobrem uma fórmula de encolhimento dos seres humanos e, com isso, a maneira perfeita para diminuir o consumo dos bens naturais e a poluição.

O resultado teria sido brilhante se o diretor não se afastasse tanto dos pilares da obra para mergulhar de cabeça nas crises existenciais de Paul Safranek (Matt Damon). Eternamente insatisfeito, o protagonista topa a experiência do encolhimento, mas não por motivos nobres. Com a hipoteca em atraso, Safranek vê uma possibilidade de não só quitar suas dívidas, como levar uma vida de luxo. Já que uma pessoa em tamanho menor precisa de menos recursos para sobreviver.

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Como nem todos aceitam se entregar ao procedimento irreversível, Payne cria duas sociedades paralelas. O mundo “normal”, que sofre com o estilo de vida menos consumista dos mini-humanos e vê fábricas fecharem e o desemprego aumentar. E a ilusão de uma sociedade igualitária em Lazerlândia – cidade envolta numa bolha de proteção feita para os pequenos.

A chegada dos personagens coadjuvantes vividos por Christoph Waltz e Hong Chau traz leveza e humor necessário à produção, mas peca novamente ao reforçar esteriótipos da personagem vietnamita Ngoc Lan Tran (Hong Chau). Além de aumentar a confusão ao retratar a vida em Lazerlândia, Payne se perde em meio a novas problematizações: a desigualdade social e a ganância dos seres humanos independentemente do tamanho no mundo.

Confira o trailer:

Diferente do que propõe Pequena Grande Vida, Alexander Payne erra pelo excesso. Se tivesse usado a máxima “menos é mais” reproduzida na sociedade encolhida, escaparia da tentativa de abordar de uma só vez questões tão complexas como o meio ambiente, a desigualdade social, a ganância humana, crises existenciais de meia-idade, entre outros temas.

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