Crítica: “Paris Pode Esperar” é deslumbrante na sua simplicidade
O longa é uma apaixonante história de amor
atualizado
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Tem Coppola novo nos cinemas e não é Francis Ford e nem Sofia, que acabou de abiscoitar prêmio importante em Cannes, recentemente, o de melhor direção por “O Estranho Que Nós Amamos”. Trata-se de Eleanor Coppola. Mas espera aí, quem é Eleanor Coppola? A matriarca da família, que faz aqui sua estreia na direção de um longa-metragem de ficção. Antes, ela só havia realizado documentários. Um deles, sobre os bastidores do clássico, “Apocalipse Now”.
Em “Paris Pode Esperar”, o tom é outro. É uma apaixonante história de amor e já fica aqui a dica do Metrópoles para o Dia dos Namorados. A trama começa em pleno Festival de Cannes, na 68ª edição de um dos mais importantes eventos de cinema, o que homenageou a bela diva Ingrid Bergman em cartazes elegantes espalhados pela cidade e cenas do filme. Tudo gira em torno da figura de Anne, vivido pela sempre charmosa Diane Lane.
Aqui ela é casada com o produtor de cinema Michael Lockwood (Alec Baldwin), um sujeito workaholic ocupado e sobrecarregado que não lhe dá a devida atenção que ela espera. Mas não é culpa dele, são ossos do ofício. Diretores caprichosos, jovens aspirantes a atrizes, zilhões de problemas pra resolver. Numa viagem que ambos iriam fazer a Budapeste, Hungria, ela não se sente bem, por conta de dor nos ouvidos, e deixa de acompanha-lo num voo de jatinho.
Eis que entra em ação o sedutor sócio do marido, Jacques Clemént (Arnaud Viard), um bon vivant incorrigível prestativo e simpático que lhe oferece, veja só, uma carona de carro, da Riviera francesa até à capital francesa. Existe convite mais charmoso e delicioso do que este? Ela claro, não esquiva, muito menos o marido, com pressa de ir de encontro aos compromissos da agitada vida profissional.
Road movie pelo Sul da França
Tem início assim, um road movie encantador pelo interior da França com direito a muita cultura histórica, arquitetura local, boa comida – vinhos e queijos com receitas seculares – e paisagem, deslumbrantemente, rústica. Algo como as hipnotizantes alfazemas floridas roxas ao longo da rodovia ou os milenares arcos romanos da Provença. E não só isso…
Entre uma parada e outra, num posto de gasolina de beira de estrada, para descansar as pernas, enfim, fumar um cigarro, a música de Erik Satie, associações maliciosas com telas de Manet, Renoir, Cézanne, a importância dos irmãos Lumiére para a sétima arte, o magnetismo cristão da catedral de Vezelay, localizada na região da Borgonha, entre outros detalhes sensoriais mágicos. Prazeres indeléveis da vida para quem tem dinheiro ou bom gosto.
Espécie de cartão postal em movimento, “Paris Pode Esperar” é deslumbrante e impactante na sua simplicidade monumental de ser… Mas só quem tem sensibilidade irá entender essa diferença entre + e – ou vice-versa. É uma homenagem sensível ao cinema e um elogio aos prazeres da vida com certa dose de ironia sofisticada. Tem a ver, por mais contraditório que possa parecer, com a fragilidade que é a vida e o quão doloroso e maravilhoso é viver…
Há um toque, talvez, biográfico na trama. Vai saber. Jacques é um aventureiro do amor com sofisticação e dinheiro de sobra pra arrebatar corações à deriva. Anne um pedaço de mal caminho que tenta salvar seu casamento, mas se vê tentada pelo pecado furtivo do acaso. De certa forma, há uma aura “Casablanca” no filme… O resto é ficção dramatizada…
Veja os horários de exibição do filme
Avaliação: Bom
