Crítica: ótimo elenco sustenta o claudicante Do Jeito Que Elas Querem
Com nomes de peso, filme água com açúcar mostra que não existe idade certa para reinventar afetos e sexualidade
atualizado
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Um filme com Jane Fonda, Diane Keaton, Mary Steenburgen, Candice Bergen e Andy Garcia não tem como ser completamente ruim. Do Jeito Que Elas Querem é como se misturássemos Quatro Amigas e um Jeans Viajante (2005) com Alguém Tem Que Ceder (2003): a história de um grupo de amigas de uma vida inteira que, na velhice, reinventam juntas o amor e a sexualidade.
Os diálogos, apesar de um pouco óbvios por vezes, são divertidos e funcionam graças ao elenco estrelado. Algumas cenas são problemáticas, como quando Carol (Steenburgen) e o marido, Bruce (Craig T. Nelson), voltam para casa depois de uma discussão porque ela colocou um Viagra na bebida dele. Ao serem parados por uma policial, ela o questiona se tem condições de dirigir e, diante da afirmativa, os deixa seguir viagem. Ora, se ele bebeu, não deveria passar por um teste do bafômetro?O mote do filme é relativamente simples: quatro amigas têm um grupo de leitura há algumas décadas e Vivian (Fonda), a solteirona convicta, decide aposentar os clássicos e sugerir uma experiência mais apimentada. Surgem exemplares de 50 Tons de Cinza, que Sharon (Bergen) tem vergonha de ser vista lendo.
O fato de que as quatro senhoras não endeusam o problemático Christian Gray e não escondem achar a série um lixo é um grande alívio para o espectador mais atento. O livro é simplesmente um convite a repensar a vida sexual de cada uma.
Histórias de amor e sexo que fogem do padrão jovial das comédias românticas de Hollywood são sempre iniciativas louváveis. No caso deste filme, mostrar idosas reconquistando a própria vida sexual – ou no caso de Vivian, se deixando apaixonar – é uma ideia forte e necessária. Alguns outros detalhes merecem elogio: uma das protagonistas não é magra e tem suas escapadas sexuais, além de ser incrível ver uma Diane Keaton de cabelos brancos, contracenando com Garcia, um ator 10 anos mais jovem.
O longa não é primoroso, muito pelo contrário: a quantidade de histórias intrincadas das vidas daquelas mulheres e o excesso de personagens que vêm e vão tornam a narrativa por vezes confusa. No final, é um clássico água com açúcar, com a noção acertada de que a terceira idade pode trazer novas experiências sexuais ou descoberta de um grande amor.
Avaliação: Regular