Crítica: O Último Cavaleiro, novo Transformers, deslumbra, mas repele
Quinto capítulo da franquia de robôs alienígenas desbrava as origens da presença dos Transformers na Terra
atualizado
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“Transformers: O Último Cavaleiro” abre com um dragão robótico de três cabeças decidindo uma guerra medieval a favor do exército comandado por Rei Arthur. Michael Bay, diretor de todos os filmes da franquia, talvez nunca mais faça uma aventura dos Transformers na carreira. Espere, então, uma despedida em grande estilo.
Grande artífice do “mau gosto” em Hollywood, pelo menos segundo a maioria dos críticos, Michael Bay avança na mitologia ao se aventurar numa espécie de ficção histórica envolvendo a presença dos Transformers no planeta.
Do Rei Arthur a (mais um) apocalipse
Até que, nos dias atuais, com toda a pirotecnia (digital ou real) possível a serviço de Bay, na Terra e no espaço, os destinos da humanidade e dos Transformers se cruzam de novo. Optimus Prime, o líder dos Autobots (os aliens do bem), é cooptado por uma deusa antiga para evitar a decadência completa de seu planeta natal, Cybertron.
Ele, então, sob feitiços de tal divindade, bola um plano para achar o cajado ancestral e provocar um evento cósmico que faz “Armagedon” (1998), o filme-catástrofe de Bay, parecer um mero drama de família: uma transferência de energia geotérmica da Terra para Cybertron.
Ou, em miúdos, uma colisão de planetas que certamente extinguirá a raça humana (e todos os Autobots e Decepticons, os aliens do mal, que por aqui estiverem). Por sorte, Bay está pouquíssimo interessado em contar uma história que faça sentido.
Cade Yeager (Mark Wahlberg), o herói americano comum apresentado em “A Era da Extinção” (2014), retorna numa trama confusa que envolve uma professora de história (Laura Haddock), um sábio inglês conhecedor de todos os mistérios (Anthony Hopkins) e uma heroína teen (Isabela Moner).
Cinema-espetáculo sem freios
O roteiro é o que menos importa em qualquer trabalho de Bay, cujo filme anterior, “13 Horas – Os Soldados Secretos de Benghazi” (2016), preferiu a ação cristalina e realista às camadas digitais da franquia “Transformers”.
Em “O Último Cavaleiro”, o diretor não economiza no fetichismo visual de sempre, com cenas de ação ruidosas, fragmentadas, quase musculares e físicas de tão explícitas, e um humor no mínimo ingênuo. Em certo sentido, não deixa de ser um filme pornográfico.
Pelo bem e pelo mal, Bay é único em sua maneira de espetacularizar a narrativa em escalas cada vez mais absurdas. Todo o clímax interplanetário de “O Último Cavaleiro” envolve desde submarinos diante de uma nave alienígena no fundo do oceano a um surto místico cujo epicentro é o Stonehenge.
O que incomoda no quinto Transformers – e nos quatro anteriores – é o quanto essa orquestração do caos ergue uma parede invisível entre e o espectador e as imagens na tela. “O Último Cavaleiro” deslumbra, mas também repele.
Avaliação: Regular
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