Crítica: “O Rei do Show” celebra diversidade em musical protocolar
Com canções assinadas pela dupla Benj Pasek e Justin Paul, a mesma de “La La Land”, o filme traz Hugh Jackman no papel de produtor circense
atualizado
Compartilhar notícia
Que tal um filme entre o saudosismo do remake de “A Bela e a Fera” e a contemporaneidade agridoce de “La La Land: Cantando Estações”? É o que pretende ser “O Rei do Show”, novo musical estrelado por Hugh Jackman cinco anos após “Os Miseráveis”.
Com roteiro de Jenny Bicks (“Sex and the City”) e Bill Condon (“A Bela e a Fera”), o longa retorna ao século 19 para mostrar como o entertainer P.T. Barnum fundou o Ringling Bros. and Barnum & Bailey Circus, que funcionou por longos 146 anos – de 1871 a maio de 2017, quando encerrou suas atividades.
Pessoas de todas as cores, origens, formas e tamanhos estrelam o show dirigido por Barnum. De Lettie (Keala Settle), a cantora barbuda, a Charles Stratton (Sam Humphrey), o anão de pose napoleônica.
Em ritmo apressado, a trama logo problematiza o sucesso do circo para gerar o conflito que permeará todo o resto do filme. Alvo preferencial do crítico de teatro James Gordon Bennett (Paul Sparks), do “New York Herald”, Barnum não se mostra satisfeito com o louvor popular.
O circo da diversidade, mas sem grandes cenas
Ele busca aprovação dos que se dizem eruditos, sobretudo dos pais de Charity. Para tal, numa viagem à Europa, contrata a cantora lírica sueca Jenny Lind (Rebecca Ferguson, vista neste ano em “Vida” e “Boneco de Neve”) para uma longa primeira turnê nos Estados Unidos. Tudo para receber das elites uma piscadinha de reconhecimento.
Mixando música contemporânea e acordes suavemente roqueiros numa agradável roupagem de ópera pop, as canções assinadas pela dupla Benj Pasek e Justin Paul (vencedora do Oscar por “La La Land”) garantem algum magnetismo à história.
Além da falta de criatividade para criar grandes cenas – o elemento mais esperado de qualquer musical –, o diretor estreante Michael Gracey não consegue equilibrar a trajetória de Barnum com subtramas que mereciam mais capricho. O romance entre o dramaturgo Phillip Carlyle (Zac Efron) e a trapezista Anne Wheeler (Zendaya) soa sempre desengonçado, por exemplo.
“O Rei do Show” tenta convergir extravagâncias dos musicais e celebração louvável das minorias e da diversidade, mas o resultado que se vê no filme parece distante das ambições de Gracey. Talvez já seja o bastante, porém, para frequentar a temporada de premiações.
Avaliação: Regular