Crítica: O Predador usa sanguinolência e humor para resgatar franquia
Longa dirigido por Shane Black mostra um grupo de soldados problemáticos enfrentando assassinos espaciais
atualizado
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O Predador, novo filme dos alienígenas de dreadlocks, aterrissa na telona metralhando piadinhas e empilhando cenas sangrentas para tentar formar uma nova geração de fãs em torno da cultuada franquia de ação e ficção científica.
A direção de Shane Black (Homem de Ferro 3, Dois Caras Legais), ator em O Predador (1987), primeiro capítulo da saga, parece garantir que essa mistura entre comédia e violência gore funcione. Ao mesmo tempo, o longa deixa uma incômoda sensação de produto inacabado, cuja segunda metade mostra mais interesse em plantar pistas para possíveis sequências do que desenvolver um desfecho satisfatório.
Quando a nave de um extraterrestre fugitivo cai na Terra, a comitiva de cientistas e militares do alto escalão liderada por Will (Sterling K. Brown) vê uma nova oportunidade de estudar e entender a raça desses invasores já familiares aos órgãos de inteligência – eles nos visitaram em 1987 (O Predador) e 1997 (Predador 2, lançado em 1990).
Desta vez, somos apresentados a um novo herói. Quinn McKenna (Boyd Holbrook) segue a linhagem de militares destemidos que já perfilou Dutch (Arnold Schwarzenegger) e Harrigan (Danny Glover), dos dois primeiros filmes, e a dupla Isabelle (Alice Braga) e Royce (Adrien Brody), vista em Predadores (2010).
Quinn logo se vê renegado quando a força-tarefa de Will o considera um bode expiatório. Ele presenciou o Predador massacrar dois colegas de exército durante uma missão interrompida pelo alienígena.
O soldado, então, conhece colegas de farda igualmente considerados fora de controle ou com um parafuso a menos: Nebraska (Trevante Rhodes), que atirou num comandante, o contador de piadas ruins Coyle (Keegan-Michael Key), o destrutivo Lynch (Alfie Allen), o profeta do apocalipse Nettles (Augusto Aguillera) e Baxley (Thomas Jane), colecionador de tiques nervosos e incontrolável disparador de palavrões.
Junta-se ao bando a bióloga durona Casey (Olivia Munn) e o garotinho autista Rory (Jacob Tremblay), filho de McKenna e aparentemente a única pessoa capaz de entender a tecnologia dos vilões.
Está formado o time de seres humanos improváveis que irá combater não apenas o Predador fugitivo, mas também o guerreiro espacial que o persegue: um exemplar do novo estágio de evolução da espécie obcecada em nos destroçar. “Polícia e ladrão interestelar”, define Will.
Black sempre foi mais roteirista (Máquina Mortífera, O Último Grande Herói, O Último Boy Scout) do que diretor, e isso está mais do que evidente em O Predador.
Enquanto as cenas de ação nem sempre registram como deveriam – mesmo com fartura de sangue, decapitações e desmembramentos –, a comédia se mostra vibrante, sobretudo nas interações entre os soldados. Para os fãs da franquia, a trilha sonora de Henry Jackman traz uma já esperada filiação aos temas de Alan Silvestri, compositor dos dois primeiros filmes.
O clímax soa menos empolgante do que a primeira metade parecia anunciar, com uma série de momentos expositivos à guisa de continuações – teorias sobre hibridismo e DNA, por exemplo, ou as razões que levam os predadores a continuarem vindo ao nosso planeta.
Mesmo assim, o elenco afinado e esse mix meio inconsequente e “irresponsável” de comédia adulta e violência extrema fazem de O Predador uma das sessões de cinema mais divertidas de 2018.
Avaliação: Bom