Crítica: O Olho e a Faca é exaustivo drama com problematizações rasas
O filme rodou os festivais de cinema nacionais em 2018 e estreia nesta quinta (27/06/2019) no circuito comercial
atualizado
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O Olho e a Faca, filme do diretor Paulo Sacramento que rodou os festivais nacionais em 2018, chega nesta quinta-feira (27/06/2019) ao circuito comercial. Uma das estreias da semana, o longa traz no elenco personalidades queridas da teledramaturgia brasileira como Rodrigo Lombardi, Luis Melo, Maria Luísa Mendonça e Caco Ciocler. Mas nem todo o staff estrelado foi capaz de tornar verossímil um enredo que não encontra bases sólidas.
Uma plataforma de petróleo em algum lugar entre o Rio de Janeiro e Santos, e uma disputa interna pelo cargo de gerente de operação. Parece a sinopse de Ilha de Ferro, produção do serviço de streaming Globoplay, da Globo, ainda inédita na TV aberta. Mas as semelhanças terminam por aí. Diferente da série, o longa-metragem pesa na tentativa de dar densidade à questões superficiais, e, para completar, faltam a ação e o humor que dão charme a trama global.
O Olho e a Faca põe as lentes de aumento todas voltadas a Roberto (Rodrigo Lombardi), um petroleiro de ofício, cotado para assumir o maior posto dentro da plataforma Polvo -A, ainda traumatizada por um acidente com o ex-coordenador. Em alto mar, a tão sonhada promoção não sai como ele espera. O novo cargo o coloca em conflito com companheiros de equipe que, um a um, vão abandonando “o barco”, ou melhor, a plataforma.
Em terra firme, Roberto divide os poucos dias de folga com a mulher, os dois filhos e os pais idosos, que moram em São Paulo, e uma amante, no Rio de Janeiro. É muito para alguém que passa a maior parte do tempo embarcado. Mas um rotina que o petroleiro parece carregar sem remorsos.
Narrativa não convence
O filme começa bem, desenrolando o dia a dia de uma plataforma de petróleo, e apresenta ligações fortes entre as relações desses profissionais, com destaque para a amizade entre Roberto e Wagner (Roberto Birindelli). A inconsistência aparece quando esse clima afetivo é esvaziado, num corte rápido, que desmembra a trama construída até o momento.
Aliás, todas as relações amorosas de Roberto são rasas, com exceção do laço com o filho caçula, que é bem aproveitada. A falta de vínculo emocional com a mulher, a amante e até mesmo o primogênito deixam um buraco enorme, que a produção tenta costurar nos minutos derradeiros do longa, mas já é tarde.
Avaliação: Ruim