Crítica: O Homem do Norte é épico de vingança brutal, violento e ótimo
O longa, protagonizado por Alexander Skarsgård, estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (12/5)
atualizado
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Guerreiros nórdicos lutando até a morte com excesso de violência poderia ser o resumo de O Homem do Norte. Apesar de precisa, essa descrição seria reducionista para o novo longa de Robert Eggers, que estreia nesta quinta-feira (12/5). A produção é um épico de vingança, violento e com rigor histórico.
O Homem do Norte conta a história de Amleth – uma das inspirações de Shakespeare para escrever Hamlet –, um jovem que vê o pai ser assassinado pelo tio Fjölnir, a mãe sequestrada e foge do reino promentendo retornar para vingar a família.
Já velho e vivendo como um mercenário que ataca aldeias eslavas, Amleth (Alexander Skarsgård) vira um guerreiro implacável e, então, decide cumprir seu destino de vingança. Para isso, ele arma um plano (um tanto quanto místico) e conta com ajuda da inesperada amante e bruxa Olga (Anya Taylor-Joy) – aliás, a queridinha de Hollywood tem uma participação importante mas (infelizmente) reduzida no roteiro.
O Homem do Norte não teme abraçar a mitologia da qual faz parte: deuses nórdicos, confronto com o cristianismo, violência e brutalidade. Aqui acho que vale se deter um pouco. Robert Eggers tem como característica a busca pela precisão histórica em seus filmes, neste não é diferente. Tá, mas e daí? Tudo isso para dizer que o sangue e toda a agressividade vista na tela se conecta com história contada, não está ali de graça.
Ao massacrarem uma vila, por exemplo, esses guerreiros não poupam ninguém: velhos, crianças, mulheres são assassinados das formas mais crueis. A escolha, por mais incômoda que seja, conecta-se com o período retratado, o século 10. A brutalidade aliás é um dos elementos da boa atuação de Skarsgård, que surge sempre como um gigante (literalmente) em cena.
Mesmo que esses elementos de violência visual prendam a atenção, é a trama de O Homem do Norte que torna esse filme tão interessante: a história de vingança é conduzida por Robert Eggers com o tempo necessário para todas suas nuances serem trabalhadas. Alguns podem dizer que é lento, eu discordo. As ações precisam ser explicadas, mesmo em meio a uma batalha sangrenta. Isso sem mencionar o elenco igualmente carismático, com Willem Dafoe, Nicole Kidman e o dinarmaquês Claes Bang.
Por fim, o diretor mostra uma compreensão da cultura nórdica e mergulha em uma das mais ricas mitologias do mundo ocidental. Odin, Valkirias e outros deuses estão ali. Talvez por isso, Eggers escolha sempre o caminho agridoce em O Homem do Norte e como consequência o filme seja ótimo – provando que sair da rota fácil dos blockbusters pode resultar em um bom produto final.
Avaliação: Ótimo
P.S.: em fóruns na internet, O Homem do Norte está sendo usado como uma peça de propaganda de ideias de supremacistas brancos. A mitologia nórdica e outros produtos da cultura pop (Senhor dos Anéis e Game of Thrones, por exemplo) sofrem com essa interpretação errada. Uma pena, mas que não apaga a grandeza do longa.