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Crítica: O Candidato Honesto 2 satiriza política com humor histérico

De Temer a Bolsonaro, sequência de O Candidato Honesto (2014) empilha referências à atualidade e mostra retorno de Ribamar ao poder

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Paris Filmes/Divulgação
candidato honesto 22
1 de 1 candidato honesto 22 - Foto: Paris Filmes/Divulgação

Em O Candidato Honesto 2, o truque à la O Mentiroso (1997), uma das mais famosas comédias de Jim Carrey, continua à toda. João Ernesto Ribamar (Leandro Hassum), o ex-sindicalista dos motoristas de ônibus e político populista, segue sem conseguir mentir, o que inviabilizou sua vitória nas eleições mostradas no primeiro filme.

Desta vez, ele é um “novo” homem. Passou quatro anos preso por corrupção – se complicou até na Lava Jato, com um sítio em Petrópolis. E agora retorna disposto a ser presidente do Brasil. Se você lembrou do ex-presidente Lula e do sítio em Atibaia, acertou.

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Ribamar em depoimento à Lava Jato: sobram referências à atualidade política brasileira
Marcelinho, o chefe de gabinete e fiel assessor de Ribamar, retorna na sequência. Ele é interpretado pelo comediante Victor Leal, da companhia brasiliense Os Melhores do Mundo
A deputada Mariza Valente (Maria Padilha) e a jornalista Amanda (Rosanne Mulholland)
Pôster de O Candidato Honesto 2
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O presidente Ribamar (Leandro Hassum) e o vice Ivan Pires (Cassio Pandolfh): vai ter golpe ou impeachment?

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Ribamar em depoimento à Lava Jato: sobram referências à atualidade política brasileira

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Marcelinho, o chefe de gabinete e fiel assessor de Ribamar, retorna na sequência. Ele é interpretado pelo comediante Victor Leal, da companhia brasiliense Os Melhores do Mundo

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A deputada Mariza Valente (Maria Padilha) e a jornalista Amanda (Rosanne Mulholland)

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Pôster de O Candidato Honesto 2

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O filme traz referências à atualidade do país quase que cena a cena. É a política parodiada e satirizada à exaustão. “João, ladrão, roubou meu coração”, cantam os apoiadores de Ribamar. Seu vice algo vampiresco, Ivan Pires (Cassio Pandolfh), costuma aparecer do nada e domina a arte de comprar apoio no Congresso. Nada mais Michel Temer do que isso.

Com direção de Roberto Santucci e roteiro de Paulo Cursino, principais parceiros de Hassum no cinema, O Candidato Honesto 2 desfila essas e outras sacadinhas em ritmo frenético. Algo que chega a atropelar o próprio fluxo narrativo e o eixo principal da história – Ribamar tentando exercer a presidência à sombra de Pires e sua mais fiel seguidora, a jornalista Amanda (Rosanne Mulholland), entrando de vez na carreira pública.

A personagem chamada apenas de Presidenta (Mila Ribeiro) fala dilmês fluentemente e o adversário derrotado por Ribamar nas urnas, Pedro Rebento (Anderson Müller), não poderia ser mais parecido com Jair Bolsonaro – diz não às minorias, promete garantir porte de arma à população e tirar a banda podre do poder.

Como nada aqui soa puramente ficcional, a governabilidade de Ribamar fica por um fio quando ele resolve desafiar o carreirista Pires. A polarização política toma conta das ruas – “tchau, queridão”, protestam manifestantes vestidos de verde e amarelo – e é aberto um processo de impeachment.

Esse constante apelo à realidade, porém, jamais transcende um simples rearranjo histriônico do que já cansamos de ver no noticiário: um teatro político fincado na cultura do escândalo, da polêmica, do fisiologismo. É por isso que cabe até uma imitação sem graça de Donald Trump ou um entregador de sushi confundido por Ribamar com o Japonês da Federal. Fora o humor de mau gosto, ofensivo sobretudo às mulheres.

Como curiosidade, fica a segunda ocorrência metalinguística num filme de Santucci em 2018. Se Os Farofeiros mostra uma cena em que personagens encaram olho a olho o preconceito do público com filmes nacionais, O Candidato Honesto 2 rende momento parecido.

Já presidente, Ribamar é apresentado ao cinema do Palácio do Planalto, mas não quer saber de produções brasileiras. Prefere Transformers ou Velozes e Furiosos. E ainda fala mal de um certo Leandro Hassum, dizendo que ele perdeu a graça depois de emagrecer.

O filme se presta a brincar com os alvos fáceis – os políticos, todos eles, em versões sempre mui cartunescas – e perde a oportunidade de fabricar uma vistosa comédia do real, de reproduzir no cinema um pouco das animosidades de um país dividido e insatisfeito, tão eufórico quanto depressivo.

Avaliação: Ruim

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