Crítica: “Mulher-Maravilha” tem falhas, mas reanima universo DC
Dirigido por Patty Jenkins, filme solo da Mulher-Maravilha traz Gal Gadot no papel da amazona que pretende dar fim à Primeira Guerra Mundial
atualizado
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“Mulher-Maravilha” é um produto que, antes mesmo de estrear, marca a história do cinema. Adapta, com anos de atraso, a super-heroína mais conhecida dos quadrinhos em seu primeiro filme solo.
E, de quebra, é um blockbuster (custou perto de US$ 150 milhões) dirigido por uma mulher, a cineasta Patty Jenkins (de “Monster – Desejo Assassino”, que deu Oscar a Charlize Theron).
Esses elementos não tornam “Mulher-Maravilha” necessariamente um bom filme. Mas ajudam a perceber o que o projeto tem de acertado. Numa Hollywood em que homens contam histórias de homens e mulheres, é ótimo que o novo longa baseado nos gibis da DC seja de e sobre um universo feminino. O timing agradece.Até por isso, as melhores coisas de “Mulher-Maravilha” surgem logo de cara. É a própria Diana, interpretada pela israelense Gal Gadot, quem narra a história. Um breve prólogo ambientado nos dias atuais, pós-“Batman vs Superman”, nos coloca na ilha de Temiscira, a terra das amazonas.
O mundo é delas
Pronto. Pela primeira vez em qualquer filme de herói, estamos em uma fantasia completamente feminina, uma genuína história sobre mulheres. O lugar, isolado de tudo, é habitado por guerreiras de diferentes gerações. Diana nasceu de uma forma de barro feita pela rainha Hipólita (Connie Nielsen) e recebeu sopro de vida por Zeus.
Antíope (Robin Wright), irmã de Hipólita, é outra figura materna forte na criação de Diana. Ela ensina a menina a lutar, a marcar posição, a pensar no mundo que existe fora da ilha. Até aqui, temos um filme de época com ares de fantasia grega.
Assim que o piloto Steve Trevor (Chris Pine) cai na ilha por acaso, “Mulher-Maravilha” assume tanto as agruras da Primeira Guerra Mundial quanto as doçuras da comédia romântica. Diana conhece a violência do mundo ao redor e tem certeza que Ares, o deus da guerra, está por trás da violência que nutre os homens.
Os problemas de sempre
“Mulher-Maravilha”, em seus bons momentos, quase faz o espectador esquecer que se trata de mais um filme da DC. É, antes do elo entre “Batman vs Superman” e “Liga da Justiça” (estreia em novembro), a crônica sobre uma mulher em busca de seu lugar em um mundo machista. Um pertencimento de dentro para fora.
Informada por Trevor sobre os planos de uma arma biológica arquitetada pelo alemão Ludendorff (Danny Huston) e pela cientista Maru (Elena Anaya), Diana lidera um time de renegados para desmontar a conspiração: Trevor, o desacreditado espião americano, Charlie (Ewen Bremner), o sniper vacilante, Sameer (Saïd Taghmaoui), o imigrante deslocado, e o Chefe (Eugene Brave Rock), nativo americano.
“Mulher-Maravilha”, o melhor filme da DC desde que o morno “O Homem de Aço” (2013) fundou o universo expandido, não escapa dos mesmos problemas de outras aventuras de super-herói. Após uma boa primeira hora, chega ao clímax pronto para forjar uma escala de ação desengonçada, com deuses e homens explodindo o que podem, e soluções de roteiro apressadas.
Ainda assim, nos termos atuais, é o melhor filme que se poderia esperar do estúdio que outro dia lançou o horrendo “Esquadrão Suicida”.
Avaliação: Bom
Veja horários e salas de “Mulher-Maravilha”