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Crítica: Mudo é mais uma ficção científica sem vida feita pela Netflix

Dirigido pelo inglês Duncan Jones, de Lunar (2009), longa futurista acompanha barman em busca da namorada desaparecida em Berlim

atualizado

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1 de 1 mudo paul rudd netflix justin theroux 1 - Foto: Netflix/Divulgação

Mudo é o segundo filme de ficção científica lançado pela Netflix num espaço de dois meses. Com ares de Blade Runner (o original, de 1982), o longa sucede o desastroso Cloverfield Paradox, trabalho que teve como trunfo o lançamento surpresa na plataforma após o Super Bowl. Não foi desta vez que o canal de streaming conseguiu acertar.

Mas, ao contrário de Paradox, que parecia meramente um capítulo errático de uma (boa) franquia, a Netflix investiu na força de uma assinatura cinematográfica, como fez algumas vezes em seus longas. O melhor exemplo talvez seja Okja (2017), do sul-coreano Bong Joon-ho. Outro acerto foi A Babá (2017), terror teen que serviu como aposta acertada no cineasta McG, frequentemente massacrado em Hollywood.

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Pôster de Mudo: mais um sci-fi morno da Netflix
Paul Rudd: papel do cirurgião Cactus Bill, ex-soldado que desertou do exército americano e agora trabalha para criminosos em Berlim
Pôster alternativo de Mudo: clima de neo-noir
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Mudo, novo filme da Netflix e do diretor Duncan Jones, filho de David Bowie

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Pôster de Mudo: mais um sci-fi morno da Netflix

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Paul Rudd: papel do cirurgião Cactus Bill, ex-soldado que desertou do exército americano e agora trabalha para criminosos em Berlim

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Pôster alternativo de Mudo: clima de neo-noir

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Conhecido pelos sci-fi indies Lunar (2009) e Contra o Tempo (2011), mas marcado recentemente pela morna adaptação de game Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos (2016), o inglês Duncan Jones narra as desventuras de um barman mudo numa Berlim futurista.

Lunar e Contra o Tempo traziam atmosferas intimistas para evocar tradições do gênero, como dilemas existenciais da clonagem e realidades alternativas. Em Mudo, Jones arrisca algo parecido.

Ficção científica: mais cinismo do que futurismo
Joe (Alexander Skarsgård, vencedor Globo de Ouro por Big Little Lies) trabalha numa casa noturna muitíssimo mal frequentada: gângsteres, traficantes e tipos saídos do underground de uma metrópole ameaçadora. Bueiros fumacentos, ruas molhadas pela chuva e comércios iluminados por lâmpadas de neon. Nada de novo no front dos neo-noir.

Sua namorada, Naadirah (Seyneb Saleh), trabalha na mesma boate. Em uma noite qualquer, ela desaparece deixando poucos vestígios. Nosso herói da vez, um sujeito criado em família Amish que represa angústias passadas e explode em surtos violentos, começa a navegar pelo submundo alemão em busca de respostas.

Mudo erra, já de partida, na caracterização dos personagens. Pense na Sally Hawkins de A Forma da Água, outra protagonista que não consegue falar e se vê em um mundo de novas descobertas. Pois bem, a atuação de Skarsgård segue caminho oposto, infantilizada por um roteiro débil de ideias – Joe é basicamente um passivo-agressivo musculoso e ingênuo.

Se a narrativa pouco se esforça para nos convencer do que Joe é capaz quando perturbado, os vilões também não ajudam. Uma dupla de excêntricos cirurgiões e ex-soldados americanos ganham a vida na Europa sem chamar atenção das autoridades: o desertor Cactus (Paul Rudd) e o risonho Duck (Justin Theroux).

Os antagonistas são tão cínicos – Cactus ajuda criminosos para conseguir documentos necessários a ele e sua filha, Duck se revela ainda mais repugnante – que só parecem zanzar na trama para dar um ar fatalista e ruidoso à especulação futurista de Jones. Uma ficção científica que paga de analista social, mas é incapaz de articular sequer uma boa ideia. Ou de simplesmente divertir.

Avaliação: Ruim

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