Crítica: Minha Vida em Marte brinca com as inseguranças da meia-idade
Filme nacional evita erros comuns de algumas produções e consegue tom equilibrado para a comédia
atualizado
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No longa-metragem Minha Vida em Marte, que estreia no próximo dia 25 de dezembro, as crises conjugais ganham as lentes de aumento do humor escrachado. Sequência de Os Homens São de Marte e é Pra Lá Que Eu Vou (2014), a produção surpreende por romper alguns vícios negativos da maioria das comédias nacionais e conseguir indicar temas para reflexão, sem deixar de arrancar boas risadas da plateia.
Na trama dirigida, por Susana Garcia, Fernanda (Mônica Martelli) está com 45 anos, é casada com Tom (Marcos Palmeira) e mãe de uma menina de 5 anos. O relacionamento morno com o marido incomoda a protagonista, que passa a tentar, sem sucesso, reacender as chamas do início da paixão. Vale tudo: de fantasia de enfermeira comprada em sex shop até aula de crossfit para impedir a gravidade de seguir seu curso natural.
Se a crise no casamento da protagonista era o mote no começo, ao longo do roteiro, o tema vai perdendo espaço para a relação de confiança e cumplicidade entre Fernanda e o melhor amigo, Aníbal (Paulo Gustavo). E é aí que Minha Vida em Marte se distância das comédias batidas e ganha fôlego.
É comum em produções brasileiras os personagens gays serem utilizados como acessório, com a única função de ouvir as lamentações das mocinhas. Não é o caso desta obra. O papel de Paulo Gustavo tem tanta força quanto o de Martelli, e é justamente na troca entre os atores, que as cenas crescem. Aníbal, inclusive, vive seu próprio romance e tem falas que não estão direcionadas à vida de Fernanda. Bingo!
Com essa dinâmica, a história ganha mais veracidade e é capaz de causar identificação. Afinal, quem nunca cedeu o ombro para alguém chorar ou ajudou um amigo a sair da fossa?
Depois de 13 anos interpretando a mesma personagem, Mônica Martelli aparece totalmente à vontade na produção. É perceptível o amadurecimento de Fernanda no novo filme e é bom ver a protagonista ganhando autoconfiança e independência afetiva. Minha Vida em Marte exerce bem o papel fundamental das comédias, de aliviar as tensões do dia a dia.
Avaliação: Bom
Assista ao trailer: