Crítica: Millennium – A Garota na Teia de Aranha é atípico na série
Apesar da boa qualidade técnica e da atuação correta de Claire Foy, o longa é ponto fora da curva na história sobre homens abusivos
atualizado
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Não se engane pela história apresentada no trailer de Millennium: A Garota na Teia de Aranha. A hacker e justiceira Lisbeth Salander (Claire Foy) de fato bagunça a vida de um rico abusador de mulheres, mas esta é apenas a introdução da história. Este longa, adaptação do livro de David Lagercrantz que deu sequência à trilogia escrita pelo sueco Stieg Larsson não tem como principal mote este tipo de vingança.
A trama é menos intrincada que a do longa anterior, Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011): Lisbeth é procurada por Frans Balder (Stephen Merchant), um programador que criou um software extremamente perigoso para a humanidade. Ao roubar o app do Departamento de Defesa americano para seu cliente, a protagonista acaba encontrando forças maiores e mais perigosas na Suécia, prontas para tomar a tecnologia dela.
A abertura do filme é um aceno para o longa que o precede, com imagens obscuras que remetem ao título, mas tem um tom próprio. É como se o diretor Fede Alvarez estivesse dizendo: lembrem-se destes personagens, mas este é o meu filme. A atuação de Foy como a complicada protagonista também lembra, em diversos momentos, a interpretação que Rooney Mara deu a Salander anteriormente. A premiada atriz, no entanto, se permite conferir mais emoções à personagem – mas apenas quando ela está sozinha.
O filme tem, é claro, cenas de perseguição e de ação complexas, dignas da série tão amada ao redor do mundo. Mas a maior característica da série literária, a riqueza de seus personagens, é pouco explorada. Eles estão ali e são interessantes, mas o próprio Mikael Blomkvist (Sverrir Gudnason) é pura e simplesmente um coadjuvante, o que faz com que apenas o lado mais pateta do personagem apareça.
Em um momento em que uma personagem como Lisbeth Salander é uma heroína tão necessária no cinema, é uma pena que a produção tenha optado pela história de um livro que mal aborda a temática da violência contra a mulher. Quando o assunto finalmente vem à baila, é na forma de catarse, o que torna as intenções da vilã ainda mais nebulosas.
Avaliação: Bom