Crítica: “Martírio” é relato impactante sobre violência contra índios
Vencedor do prêmio de júri popular no Festival de Brasília 2016, documentário “Martírio” traça um panorama histórico sobre intolerância
atualizado
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Algumas das primeiras imagens do documentário “Martírio” mostram o diretor Vincent Carelli diante de uma comunidade indígena, em 1988, no Mato Grosso do Sul. Ele havia acabado de chegar. Ligou a câmera e filmou as conversas mais por curiosidade do que por conhecimento. Passou anos sem entender o que os Guarani Kaiowá falavam. Mas sabia que era sobre terra, despejos e retomadas.
Décadas depois, em “Martírio”, Carelli desenrola por 2h40min um painel sobre o movimento Guarani Kaiowá, suas raízes nos anos 1970, seus reflexos nos dias de hoje e histórias de resistência que remontam ao início do século, época da exploração de erva-mate no estado.
Uma história de violência
O diretor e indigenista investiu em traduções, investigou seu próprio acervo, produziu novas imagens. O que mais chama a atenção no documentário é a própria frontalidade do registro. Carelli não esconde que realizou, também, um projeto pessoal: são suas imagens, seu texto, suas observações.
Sua voz guia, comenta e até se emociona com dezenas de relatos de violência, isolamento, desespero. Vencedor do júri popular no Festival de Brasília 2016, “Martírio” quer e consegue ser uma aula de história sobre brasileiros que sobrevivem numa fria e injusta invisibilidade.
Avaliação: Bom
Veja horários e salas de “Martírio”.
Crítica originalmente publicada durante a cobertura do 49º Festival de Brasília