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Crítica: Mank é filme que mostra o contexto de onde surgiu Cidadão Kane

David Fincher traz narrativa em forma de roteiro para dar luz ao polêmico roteirista Herman J. Mankiewicz, co-autor do clássico de Welles

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Gisele Schmidt/NETFLIX.
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1 de 1 MANK_2 - Foto: Gisele Schmidt/NETFLIX.

Cidadão Kane é, indiscutivelmente (com todos os riscos de usar esse termo), um clássico do cinema: porém, para o público médio, o nome imortalizado é de Orson Welles, ator e diretor no projeto. A Netflix, a partir desta sexta (4/12), joga luz na figura do roteirista e co-autor do filme – o polêmico Herman J. Mankiewicz.

Mank, filme de David Fincher, traz um inspirado Gary Oldman no papel do protagonista. O longa, uma homenagem com ar de releitura da história de Hollywood de 1930, reconta o processo de criação do roteiro de Cidadão Kane.

Sofrendo com problemas de alcoolismo, Mank se isola no interior dos Estados Unidos para escrever o roteiro – encomendado pelo próprio Orson Welles, que havia firmado um grande contrato com um estúdio, mas não chegava ao texto final.

Assim, Fincher usa da criatividade narrativa para contar a história em forma de… roteiro. Em vários flashbacks, o público vai entendendo mais a personalidade de Mank, seus objetivos, frustrações e malabarismos para se manter ativo no estúdio.

O filme ganha força justamente na forma: o diretor é capaz de situar todo um contexto político-econômico (grande depressão) e social (ganância dos estúdios, aumento da miséria) na trama principal. Mank, assim, radiografa o anos 1930 e, sem maiores surpresas, apresenta questões a (conturbado) 2020.

Vale ressaltar a performance de Gary Oldman. O veterano ator consegue mostrar os vários lados de Mank: o homem preocupado com um mundo mais justo, que se indigna com o comportamento errático dos barões midiáticos, porém, ao mesmo tempo uma peça na engrenagem na indústria que quis expor em Cidadão Kane.

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O quanto do roteiro do filme dele com Welles – é ótimo o momento em que ambos brigam pelos “créditos” – é fruto da observação, do ciúmes ou da raiva por não conseguir abandonar aquela indústria? Difícil dizer.

Toda temporada de premiações traz filmes que celebram ou revisitam a indústria do cinema. Mank é a aposta deste conturbado ano. Tudo isso visto pelos olhos de um homem atormentado e atormentador.

Avaliação: Ótimo

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