Crítica: “Kong: A Ilha da Caveira” é história de origem delirante
King Kong retorna às telas com “A Ilha da Caveira”, aventura ambientada nos anos 1970 sobre as origens do primata gigante
atualizado
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“Kong: A Ilha da Caveira”, à primeira vista, pode parecer mais uma historinha de origem apoiada em explicações pseudocientíficas e mitologias confusas. Só parece. Estamos nos anos 1970, o presidente Nixon ordena a retirada das tropas americanas do Vietnã e, num piscar de olhos, já estamos numa ilha até então inexplorada do Pacífico Sul vendo Kong esmagar helicópteros como palitos de dente.
Pelo bem da diversão, o diretor Jordan Vogt-Roberts (“Os Reis do Verão”) não perde tempo com apresentações. Ou alguém ainda precisa ser informado sobre o gigantismo de King Kong e seu status de Deus em uma ilha isolada do mundo?
Entre uma coisa e outra, há um pelotão de soldados que estariam a caminho de casa. Até que a missão à ilha surgiu com ares de oportunidade: perdida a Guerra do Vietnã, que tal vencer um conflito sem ninguém vendo? Nem que seja contra King Kong e uma cadeia alimentar de bichos gigantes, de uma aranha mais alta que árvores a lagartos rastejantes.
O blockbuster despreocupado
Jordan Vogt-Roberts espertamente lança mão de referências óbvias, mas que combinam com o espírito de pastiche amalucado. Se o clima de aventura sobre o desconhecido lembra “Jurassic Park” (1993), o visual reproduz “Apocalypse Now” (1979), filme definitivo sobre o Vietnã. Conrad, aliás, é homenagem direta a Joseph Conrad, autor de “Coração das Trevas”, matriz de “Apocalypse Now”.
Dos loucos anos 1970, vem a inspiração para balés de helicópteros, cenas aéreas contra o pôr do sol, lagos de napalm flamejantes e personagens que flertam com a loucura: Packard (Samuel L. Jackson), o típico militar viciado em guerra, Cole (Shea Whigham), o soldado estoico, e Mills (Jason Mitchell), o clássico recruta desesperado.
Sim, talvez tenha personagem demais para pouco tempo de tela. Mas o melhor deles, o surreal Hank Marlow (John C. Reilly inspiradíssimo), representa bem a vibe defendida pelo filme: um sujeito que vive na terra de Kong desde a Segunda Guerra Mundial, caiu lá por acaso e se alimenta de seus próprios delírios.
“Kong: A Ilha da Caveira” é o blockbuster despreocupado que não se via desde “Círculo de Fogo” (2013).
Avaliação: Ótimo
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