Crítica: “Internet – O Filme” quer o seu like, mas despreza o cinema
Com Rafinha Bastos e Gustavo Stockler, “Internet – O Filme” imita a estética da web para narrar confusões durante uma convenção de youtubers
atualizado
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A existência de “Internet – O Filme”, com todo esse poder de síntese contido no título, é até natural se lembrarmos da onda recente de longas-metragens baseados ou sobre youtubers. Tivemos “Porta dos Fundos: Contrato Vitalício”, “É Fada!” (Kéfera Buchmann) e “Eu Fico Loko” (Christian Figueiredo).
Esses produtos carregam uma clara intenção de estender para o cinema a estética consagrada no YouTube: jovens falando sobre tudo, a tal cultura de memes, o espírito “zoeiro” da internet, e edição frenética. É inegável o poder de comunicação com os adolescentes.
E então chegamos a “Internet – O Filme”, um longa que claramente tenta reunir tudo numa coisa só. A trama parte do próprio conceito de webcelebridade. Um hotel recebe uma convenção de youtubers (com seus egos inflados) e, claro, os fãs e haters que os perseguem.As sacadinhas forçadas e o desprezo pelo cinema
Com um roteiro que se resume a cruzar subtramas e forçar sacadinhas pop, “Internet” é uma sonora bagunça de filme. Além do mero desfile de youtubers populares (Thaynara OG, Gustavo Stockler, Rafinha Bastos etc) interpretando extensões deles próprios, o filme ainda quer “refletir” sobre o próprio meio de expressão e as relações humanas em torno da produção de vídeos.
O mais chocante de “Internet – O Filme” é a própria arrogância do projeto: se dá certo no YouTube, por que não fazer exatamente a mesma coisa no cinema?
Não há atores, mas youtubers. Não há cenas, mas esquetes que tentam de tudo para justificar o ingresso (ou o like, como queira): de Raul Gil sendo ele próprio a Mr. Catra no papel de Deus. “Internet – O Filme”, tal qual “Contrato Vitalício”, passa numa tela grande, mas despreza o cinema.
Avaliação: Ruim
Veja horários e salas de “Internet – O Filme”.