Crítica: Homem-Aranha no Aranhaverso é o melhor filme do herói
Em uma aposta mais modesta que a do MCU, a Marvel consegue acertar o equilíbrio perfeito entre ação, comédia e emoção
atualizado
Compartilhar notícia
Em Homem-Aranha no Aranhaverso, o espectador é exposto à premissa do filme antes mesmo de o título aparecer na tela. Nos créditos de abertura do longa, quando são exibidas as tradicionais logos das empresas responsáveis pela produção, ao menos duas alternativas de design aparecem para cada uma. A ideia é mostrar que, nesta história, serão tratadas as possibilidades do herói.
Ponto fora da curva do Universo Cinematográfico Marvel (MCU) – até porque o filme é da Sony, não da Disney –, Aranhaverso é distinto até no suporte: a animação tem elementos estéticos que lembram muito mais os quadrinhos que desenhos animados tradicionais. Num visual que evoca as obras de Roy Lichtenstein, o excelente recurso de linguagem serve para demarcar, entre onomatopeias, desde o som de Miles Morales (Shameik Moore) batucando uma caneta na testa ao fazer um dever de casa até o efeito do sensor aranha.
É preciso destacar uma das características mais importantes desse longa: o protagonista é Miles, filho de uma imigrante latino-americana e de um americano negro. O garoto fala espanhol com seus amigos e é popular em seu bairro, embora encarne a persona tímida e nerd do personagem original na escola particular onde estuda. No elenco, para suas duas figuras masculinas de referência foram escalados Brian Tyree Henry e Mahershala Ali como seu pai e tio.
A principal aposta do filme é em seu time de heróis: diferentemente de dinâmicas como as de Vingadores ou da Liga da Justiça, a equipe é formada pelas diferentes possibilidades do Homem-Aranha em vários universos. Na realidade de Miles, Peter Parker (Jake Johnson) morreu, mas o mesmo personagem (de outra dimensão) o encontra, e a dupla sai em busca de aventuras.
Além de Parker, entram em cena também a Mulher-Aranha (Hailee Steinfeld), o Porco-Aranha (John Mulaney), Peni Parker (Kimiko Glenn) e o Homem-Aranha Noir (Nicolas Cage). A equipe se fortalece pelos poderes que os unem e divide as tarefas de acordo com as habilidades específicas de cada um. Tudo isso com um roteiro eficiente, de diálogos hilários e cenas de ação dignas do terceiro ato de um ótimo filme de super-herói.
Com uma clássica jornada do herói, Aranhaverso consegue um feito há muito tempo não visto em filmes da Marvel: o equilíbrio adequado entre coração e riso. Aqui, as trapalhadas de Peter e Miles são contrapostas por momentos de verdadeira tristeza, quando as motivações de cada um se tornam críveis. Os momentos mais emocionalmente carregados levam o tempo certo para acontecer e nunca são interrompidos por piadinhas bobas.
Por outro lado, em seu devido momento, as tiradas são hilárias, de gargalhar no cinema. Desde o jeitão pateta do Homem-Aranha Noir até mesmo as frequentes quebras da quarta parede por Porco-Aranha, com especial atenção para a piadinha com os Looney Tunes na reta final do filme. Esta é uma turma que merece uma sequência.
Avaliação: Ótimo