Crítica: Happy Hour é um palanque de promessas vazias
Dirigido por Eduardo Albergalia, o longa foi escrito em parceria com Carlos Thiré, Ana Cohan e Fernando Velasco
atualizado
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Longa-metragem nacional realizado em co-produção com a Argentina, Happy Hour é uma das estreias nas telonas desta quinta-feira (21/3). A comédia romântica dirigida por Eduardo Albergalia traz o ar pedante das produções portenhas e não cumpre a principal proposta do gênero, fazer rir.
Escrito em parceria com Carlos Thiré, Ana Cohan e Fernando Velasco, o filme acompanha a história de Horácio (Pablo Echarri), professor de literatura argentino residente no Brasil há 15 anos. Casado com a deputada Vera (Letícia Sabatella) com quem tem um filho, o educador vê sua vida mudar quando, acidentalmente, consegue deter um criminoso. A fama de herói se espalha pela Cidade Maravilhosa e o estrangeiro passar a ser assediado pela imprensa, fãs e, claro, mulheres.
A popularidade repentina mexe com a cabeça de Horácio que, dividido entre o casamento ideal e o desejo de sair com outras mulheres, decide propor à esposa um relacionamento aberto. Mas não é tão simples, para Vera, que acaba de lançar sua candidatura à prefeitura do Rio de Janeiro, um escândalo é o tipo de atenção com a qual ela não precisa lidar.
Se a trama girasse em torno das desventuras amorosas dos protagonistas, o magnetismo de Letícia Sabatella seria suficiente para, ao menos, cumprir as promessas da produção. Mas ao tentar abarcar temas profundos, de maneira superficial, o roteiro se esvazia. De alianças políticas insidiosas ao papel da mulher e do homem na sociedade. O peso na mão do diretor consegue complicar o simples.
Em cena, Echarri e Sabatella estão em estações diferentes. Enquanto o argentino tem toda a energia voltada às palavras, a brasileira abusa da interpretação intimista, com expressões e olhares que dispensam o verbo. A falta de sintonia, então, também prejudica o envolvimento do público com o casal. Em vários momentos a plateia se pega torcendo para que Horácio caia em tentação.
Fôlego necessário
Ricardo, personagem vivido por Luciano Cáceres, dá a fluidez esperada ao longa. A existência descompromissada garante poucas, mas boas risadas. Um alento imprescindível, mas não o bastante para fechar todas as lacunas da obra.
Avaliação: Regular