Crítica: Han Solo é mais um spin-off decepcionante de Star Wars
Alden Ehrenreich e Donald Glover interpretam versões jovens de Solo e Lando Calrissian em história sobre gangues e mercenários estelares
atualizado
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Han Solo: Uma História Star Wars, apesar de ser definido como spin-off – o segundo da franquia, após Rogue One (2016) –, não tem nada de lado B. A ambiciosa (e atribulada) produção, assinada por Ron Howard, divide-se entre filme de assalto/golpe, história de sobrevivência, comédia povoada por pilantras e faroeste de clima noir sobre um universo em desajuste, em que planetas são oprimidos por tropas imperiais e gângsteres com licença para matar, roubar e escravizar.
Um submundo poeirento e encardido, situado entre A Vingança dos Sith (2005) e Uma Nova Esperança (1977), abriga as versões jovens de Han Solo (Alden Ehrenreich), Lando Calrissian (Donald Glover) e Chewbacca (Joonas Suotamo) – este nem assim tão novinho, mas 190 anos parecem pouca coisa para um wookie.O filme é mais a soma dos encontros entre personagens clássicos e novos, jamais vistos, do que a trama a ser destrinchada. Vemos o carteado que apresenta Solo ao garboso Lando, o dono original da nave Millennium Falcon. Uma conversa na língua wookie entre Chewie e seu futuro parceiro de expedições – a amizade começa com socos e gritos – logo estabelece uma aliança para a vida toda.
Também conhecemos Tobias Beckett (Woody Harrelson), o mentor de Solo, L3-37 (Phoebe Waller-Bridge), robô sindicalista – ela surge protestando contra uma rinha de droides – e fiel companheira de Lando, e, finalmente, Qi’ra, a namorada do personagem-título, que cresceu com ele nas ruas perigosas do planeta Corellia. Como o contrabandista, também é graduada na malandragem.
Solo, Lando, Chewie e sua turma: um derivativo sem graça
O plot, um tanto insosso, jamais decola e só pega no tranco em algumas cenas de ação, sobretudo. Na melhor delas, nossos anti-heróis, a bordo da Falcon, escapam de uma alienígena do tamanho de um planeta (a Bocarra) e dos tiros de caças imperiais.
Depois de ser separado de Qi’ra em mais um desses trágicos desencontros de Star Wars, Solo topa fazer um trabalho para a temida gangue Aurora Escarlate e, assim, obter grana suficiente para salvá-la. Enquanto o Império subjuga planetas inteiros, sindicatos de crime exploram a distribuição de comida, remédios e, mais importante, de hipercombustível, recurso que permite ir de um lugar ao outro no universo e sitiar toda e qualquer comunidade.
Em Han Solo, as ideias soam melhores do que o resultado visto na tela. É um filme mais hiperativo do que divertido, costurado entre uma reviravolta e outra, já esperadas pontes nostálgicas – a identidade visual evoca o tempo inteiro a trilogia original – e lacunas de roteiro à guisa de continuações – o retorno de Darth Maul, a semente da Aliança Rebelde, as futuras tretas do piloto em Tatooine.
Um ano e meio após Rogue One, outro filme de bastidor instável, com ajustes de tom e regravações caríssimas a poucos meses da estreia, a Disney entrega mais um spin-off morno, oportunista e de conceito totalmente descartável. O que era para ser um descanso, um respiro da saga episódica principal, vem se revelando um estorvo.
Avaliação: Regular