Crítica: Guerra Civil é incômodo ao questionar jornalismo e sociedade
O filme Guerra Civil estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (18/4) e conta com Wagner Moura e Kirsten Dunst no elenco
atualizado
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Estreia mais aguardada da semana, Guerra Civil chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (16/4) com Kirsten Dunst como a protagonista Lee. A personagem é uma fotógrafa de guerra que acompanhou diferentes tipos de conflitos e agora registra o confronto armado que a cerca nos Estados Unidos.
Sempre ao lado dela, Lee tem o fiel escudeiro e companheiro de pautas, Joel. Vivido por Wagner Moura, ele é um jornalista de guerra que se anima em acompanhar as disputas enquanto passeia por questões como o consumo de maconha.
Assista a crítica aqui:
O papel oferece ao brasileiro espaço suficiente para ser um destaque. Se Wagner Moura conquistou a crítica e o público internacional, é porque, realmente, mereceu. A interpretação é gostosa de analisar e verossímil o suficiente para fazer você amar, se revoltar e questionar o personagem em diferentes momentos.
Kirsten é outro grande acerto de escalação. Com comédias românticas no currículo, o eterno rostinho de Mary Jane Watson deixa o sorriso meigo de lado e revela uma atriz madura e que sabe o que faz. No papel de Lee, ela conversa com o público através de suas questões pessoais e profissionais. É triste vê-la chorar e animador vê-la sorrir.
Também é necessário falar sobre os personagens de Cailee Spaeny e de Stephen McKinley Henderson, a novata Jessie e o veterano Sammy. Eles aparecem como representantes de diferentes gerações e trazem elementos como a experiência e a vontade de aprender, mas também mostram como o sucesso é perecível e lembram, mesmo que de forma velada, que profissionais são substituíveis.
Guerra Civil e o papel do jornalismo na sociedade
O faro jornalístico, a busca incansável pela notícia, a disputa pelo furo. Muitos detalhes passam pelo enredo de Guerra Civil e levantam questionamentos sobre o papel do jornalista na sociedade, mas também respondem a pergunta e indicam um caminho para a trama.
Quando a jovem Jessie se vê em uma situação difícil e não sabe reagir, a experiente Lee traz uma das falas mais marcantes do filme: “Nós só registramos e deixamos que os outros questionem”. Tudo isso em meio a uma guerra na qual alguns lados acolhem repórteres e fotógrafos, enquanto outros condenam o trabalho deles. Mas é também esse trabalho que guia a trama a um final e volta a reforçar a necessidade dos profissionais.
Sem lados definidos: o incômodo de Guerra Civil
Um elemento sabiamente usado no longa do diretor Alex Garland é o silêncio. Ele é tão importante quanto incômodo. Ele é essencial para tirar o espectador da clichê zona de conforto. Assim como o barulho. O som, de forma geral, é bem trabalhado no longa, estando presente ou não.
Outro ponto que promete mexer com o público é a falta de um certo e um errado dentro da guerra, assunto sobre o qual não existem muitas informações. Uma cena apresentada já no trailer deixa isso bem claro. Nela, um homem camuflado atira em alguém que está tentando matá-lo, mas nenhum dos dois sabe de qual lado o outro está. Então, quem está certo?