Crítica: franquia MIB derrapa em Homens de Preto – Internacional
Longa dá sequência à trilogia ao introduzir novos personagens interpretados por Chris Hemsworth, Tessa Thompson e Liam Neeson
atualizado
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A ideia por trás de MIB: Homens de Preto – Internacional não parecia tão ruim. Pelo menos no papel. Que tal criar uma extensão da trilogia com novos personagens e globalizar a franquia, saindo dos limites de Nova York? A reunião de talentos soa inegavelmente promissora: Chris Hemsworth no papel do agente H, Tessa Thompson como a iniciante M, Liam Neeson na pele de T, chefe da sucursal europeia dos MIB, em Londres, e direção de F. Gary Gray, responsável por Velozes e Furiosos 8 (2017) e Straight Outta Compton: A História do N.W.A. (2015).
O que se vê na tela, porém, é mais uma continuação pouco inspirada. A saga começou em 1997, adaptando os quadrinhos de Lowell Cunningham, e continuou em 2002 e 2012, com mais dois filmes dirigidos por Barry Sonnenfeld – cineasta também conhecido por A Família Addams. Em Internacional, o desafio é seguir adiante sem Will Smith e Tommy Lee Jones, astros da trilogia, e propor alguma novidade. Algo que o longa é simplesmente incapaz de articular.
Escrita por Matt Holloway e Art Marcum, roteiristas de Homem de Ferro (2008), a história parece fazer de tudo para soar desinteressante. Apesar da química atraente entre Hemsworth e Thompson, egressos da saga dos Vingadores, os personagens replicam a já mui cansativa dinâmica dos filmes de buddy cop.
H é a estrela do departamento, marrento, arrogante e encostado no conforto da própria experiência, enquanto M faz a jovem recruta solitária cujo sonho sempre foi usar o traje estiloso dos MIB e saber uma ou duas verdades universais – sim, ETs existem e, sim, vários deles querem invadir nosso planeta para nos exterminar. Outra “surpresa” da trama: a ameaça principal à vida na Terra é um espião infiltrado na agência, um facilitador para um possível fim da espécie humana.
MIB: Internacional tenta aplicar desesperadamente à saga algo que outras franquias costumam fazer quando se veem sem ideias: multiplicar o número de cartões-postais. Paris e Marrocos entram na rota de locações, mas servem apenas para arejar o plano de fundo e aliviar a dependência do filme em empreender reviravoltas forçadas.
No fim das contas, F. Gary Gray também não parece lá muito à vontade no que sabe fazer melhor: cenas de ação e timing cômico gerado pelas distintas personalidades dos heróis. Com seus close-ups angulosos e referências visuais mil à trilogia, o filme acaba extrapolando seu já dificultoso status de derivativo. Vira um decalque.
Avaliação: Regular