Crítica: “Fome de Poder” mostra os agitados bastidores do McDonald’s
O longa conta como uma visão econômica transformou a lanchonete em um império alimentício
atualizado
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Nos anos 1940, os irmãos McDonald tinham um negócio da China na manga. Era para ser algo no ramo de cinema, mas o projeto não vingou e o jeito foi vender hambúrguer na beira da estrada. Um quiosque simples que deu certo porque os pedidos eram feitos sem garçom, com o cliente saindo direto do balcão levando a comida numa das mãos e bebida na outra. Tudo muito rápido. Eles não sabiam ainda, mas tinham lançado o conceito fast-food.
Em 1954, Elvis Presley dava os primeiros passos na música, Marlon Brando brilhava nas telas como um motoqueiro rebelde em “Sindicado de Ladrões”, o país atolava mais ainda na Guerra Fria e um vendedor de máquinas de milk-shake ganhava a vida de porta e porta sem muito sucesso no interior da América. Seu nome era Ray Kroc (Michael Keaton) e um dia ele recebeu uma encomenda de seis dessas gerigonças. Achou que fosse engano, mas tirou a sorte grande.
O pedido tinha sido feito pelos irmãos Maurice (John Carroll Lynch) e Richard (Nick Offerman), os donos daquela barraquinha sensação do começo da história. Satisfeitos até onde tinham chegado fazendo sandubas, eles rejeitaram, terminantemente, a ideia de transformar um modelo bem sucedido de negócio numa franquia de sucesso.
“Se não quer fazer por vocês, então faça pelo seu país”, esbraveja, o ousado homem de negócios Ray Kroc, farejando revolucionar o mercado de restaurantes.
Enredo eletrizante
Com fome de poder, Kay não ficou satisfeito enquanto não virou o representante comercial da marca dos famosos arcos dourados. Quando isso finalmente aconteceu, passou como um rolo compressor por cima dos donos da empresa, construindo uma shakespeariana história de traição comercial, vaidade, ambição e ganância. Logo vem à mente fitas similares como “A Rede Social”, de David Fincher.
Com direção de John Lee Hancock (“Um Sonho Possível”), “Fome de Poder” é um daqueles filmes com enredo eletrizante norteado por atuações fantásticas. Injustiçado por não ter levado o Oscar de melhor ator pelo papel de “Birdman”, em 2014, Michael Keaton, no esplendor da carreira, mais uma vez surge negligenciado pela maior festa do cinema por essa atuação de fôlego.
Embora sufocado por montagem esquizofrênica, que às vezes confunde e atrapalha o espectador, o filme ganha o público pelas sacadas inteligentes do roteiro. Ora glamourizando, meio que cinicamente, esse que é um dos maiores símbolos da sociedade de consumo. Ora tirando sarro com o sistema de produção de alimento da rede que tem cerca de 40 mil unidades em 118 países, alimentando uma média diária de 68 milhões de pessoas.
Veja os horários do filme.
Avaliação: Bom