Crítica: “Fala Sério, Mãe!” é mais uma comédia nacional sem identidade
Filme coloca Ingrid Guimarães e Larissa Manoela como mãe e filha em trama sobre as incertezas da adolescência e da vida adulta
atualizado
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“Fala Sério, Mãe!”, filme que reúne a estrela teen do momento (Larissa Manoela) e a principal atriz das comédias brasileiras nos últimos anos (Ingrid Guimarães), mostra uma cena particularmente reveladora sobre o que se entende por cinema popular nacional de uns tempos para cá.
Ângela (Ingrid) e Malu (Larissa) são mãe e filha às voltas com períodos de reafirmação feminina. A mulher tenta se localizar no mundo após traição e subsequente divórcio do marido. A garota vive cada fase da adolescência com a esperada parcela de crises de identidade, incertezas emocionais e instantes de rebeldia.Na cena mencionada, as duas passeiam por um supermercado. Paulo Gustavo, astro da franquia “Minha Mãe É uma Peça”, está entre um par de gôndolas durante a gravação de um comercial. Ângela e Malu, acompanhadas do irmão mais novo da adolescente, interrompem a filmagem e pedem uma foto. Uma não, várias.
O cameo de Gustavo no papel dele mesmo representa a piscadinha de “Fala Sério, Mãe!” para o imenso público das comédias nacionais. É quase como se o filme virasse episódio de uma franquia maior de histórias compartilhadas (vamos chamá-la de “Fala Sério, Minha Mãe É uma Peça!”), tal qual funciona o universo Marvel e outras sagas por aí.
Comédia teen sem personalidade
O momento também escancara o quanto o filme é acomodado nessa proposta de incorporar a persona de Ingrid ao mundo teen de Larissa visto recentemente em “Meus 15 Anos”. Basicamente, a comédia de Pedro Vasconcelos junta uma coisa com a outra.
Adaptado do livro de Thalita Rebouças, o longa se sustenta em uma sacada das mais pueris. Vemos Malu do nascimento ao começo da adolescência do ponto de vista de Ângela. Não por acaso, a narração em off é vocalizada por Ingrid. Assim que a garota cresce e, digamos, toma as rédeas de sua própria identidade, o roteiro entrega o voiceover para a garota. Agora é com ela.
Não é bem assim. “Fala Sério, Mãe!” se vale do que existe de mais esquecível e gasto no gênero de filmes adolescentes: trama apoiada em situações-limite (choradeiras e algazarras) e trilha sonora encharcada de músicas batidas para confirmar todas as cenas de mudança, amadurecimento e conflito.
Até o fraco “Meus 15 Anos” soa mais autêntico do que a produção tem a apresentar: verborragia no lugar de cenas minimamente bem construídas e visual que lembra um telefilme da semana passada. A trama é menos divertida do que a paranaense Larissa Manoela tentando emular sotaque carioca.
Avaliação: Ruim