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Crítica: “Eu Não Sou Seu Negro” reflete sobre ideias de James Baldwin

O longa é uma importante análise da história racial dos Estados Unidos

atualizado

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Eu Não Sou Seu Negro 4
1 de 1 Eu Não Sou Seu Negro 4 - Foto: Reprodução

O contundente registro “Eu Não Sou Seu Negro” não levou o prêmio de Melhor Documentário do Oscar 2017. A estatueta foi para o concorrente “O.J.: Made in America”. O que mostra mais um equívoco dos vários erros ululantes da festa deste ano. Uma pena porque o filme do haitiano Raoul Peck é poderoso no tema e na proposta de resgate que faz. O projeto dá cabo, finalmente, a um ensaio político-social que teve início nos anos 1980.

Um dos mais atuantes ativistas da causa negra nos anos 1960 e 1970, o escritor e intelectual James Baldwin (1924 – 1987) propôs a seu editor, oito anos antes de morrer, um livro contando a história dos negros na América a partir da trajetória de Medgar Evans, Malcom X e Martin Luther King Jr.. Todos assassinados antes de completar 40 anos, num intervalo entre 1963 e 1968.

Baldwin não concluiu a obra que intitularia “Remember This House” e o que restou das 30 páginas dos manuscritos serve de base para o filme, com narração hipnotizante de Samuel L. Jackson. “A história dos negros nos EUA é a história dos EUA e não é uma história bonita”, reflete o autor, creditado com justiça como roteirista da fita.

A distorção das identidades
Distintos em suas ações e visões sobre o tema do racismo nos Estados Unidos, tanto Medgar Evers quanto Malcom X e Martin Luther King Jr. lutavam por uma causa comum: o fim da segregação na América. As reflexões pertinentes, certeiras e lúcidas deixadas por James Baldwin ajudam a compreender a distorção das identidades negras e brancas neste contexto.

Com narrativa não cronológica, o filme intercala incisivas imagens de arquivos — como as que mostram crianças negras escoltadas para irem à escola nos anos 1960 —, com cenas clássicas de filmes como “Adivinhe Quem Vem para o Jantar” e “No Calor da Noite”, além de entrevistas e palestras dadas por James Baldwin. Um registro que vai desde a escravidão nos EUA, passando pela chegada de Obama ao poder e os recentes conflitos e protestos nas cidades de Ferguson e Baltimore.

Há imagens formidáveis de um debate promovido nos anos 1960 com estrelas de Hollywood, entre elas os atores Sidney Poitier, Marlon Brando e Charlton Heston. Em outro registro, o cantor folk Bob Dylan, no auge da carreira como ídolo de protesto, aparece ao lado de Baldwin na Marcha sobre Washington, em 1963.

Um dos grandes méritos de “Eu Não Sou Seu Negro” é trazer à luz o nome e reflexões atuais desse grande pensador: James Baldwin.

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