Crítica: Eternos é aventura épica que tira o MCU da zona de conforto
Com erros e acertos, Eternos, de Chloé Zhao, é uma experíência para quem queria mais diversidade e criatividade na “fórmula Marvel”
atualizado
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Desde que o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) começou, em 2008, a tal “fórmula Marvel” virou uma expressão usada em vários contextos. Por vezes, aparece como um elogio graças aos lucros bilionários. Em outras ocasiões, assume a função de crítica a um estilo narrativo que se repete ao longo da franquia. Pois bem, para quebrar essa segunda opção surge Eternos, que estreia nesta quinta-feira (4/11), como um dos projetos mais ambiciosos do estúdio.
Eternos, dirigido por Chloé Zhao – vencedora do Oscar por Nomandland –, conta a história de um grupo de seres imortais, enviados à Terra para proteger os humanos contra os Deviantes – predadores que estão em nosso planeta para destruir outros seres. Mas, ao contrário do que um olhar apressado possa mostrar, o longa não é somente sobre esse embate.
A produção da Marvel Estúdios desafia a própria fórmula que criou nos últimos 13 anos: e justamente por sair de sua zona de conforto tem momentos de grande acerto e de derrapagens. Mesmo assim, o saldo final do épico de 2h36 é positivo.
Chloé Zhao aposta em uma narrativa não-linear para contar a história dos dez Eternos que compõem o grupo: Ikaris (Richard Madden), Sersi (Gemma Chan), Ajak (Salma Hayek), Duende (Lia McHugh), Thena (Angelina Jolie), Kingo (Kumail Nanjuani), Gilgamesh (Ma Dong-seok), Druig (Barry Keoghan), Makkari (Lauren Ridloff) e Phastos (Bryan Tyree Henry). Em uma história que se passa em 7 mil anos, com avanços e voltas gigantescas no tempo, a narrativa conecta os heróis às tramas do MCU e desenha o porquê desses seres não terem intervido em batalhas, como a de Nova York (Vingadores) e a contra Thanos.
Mas, mesmo com a criativa solução de roteiro, Cloé Zhao fica presa na própria grandeza do longa, que, por querer demais, não consegue dar o mesmo peso a todos os personagens – deixando alguns deles, como o carismático Gilgamesh um tanto quanto “largado”. Essa é a principal limitação de Eternos, mas que, no final, não compromete a experiência.
Por que vale assitir?
Mesmo que demore a chegar no momento de clímax, Eternos não traz um primeiro ato lento – mesmo que não seja acelerado. Usado a metáfora automobílistica, o longa anda na velocidade da via, engatando em seu arco final.
Eternos chama atenção logo de cara por fugir da narrativa mais óbvia dos filmes de hérois – movimentos que já foram ensaiados em outras produções do MCU, como Pantera Negra. No longa, a linha entre mocinhos e vilões é tênue, quase inexistente, trazendo à tona os debates internos dos personagens.
A produção também tira o pé do freio no assunto diversidade sexual e racial: personagens brancos, asiáticos e gays estão no elenco. Aliás (um pequeno spoiler), é interessante ver que o beijo entre dois homens não precisa ser um susto no fundo da tela e pode ocupar o primeiro plano.
Trazendo alegorias que remetem à crise climática que assola o planeta Terra, o novo filme da Marvel embala uma narrativa épica em um forma que aponta um novo caminho à franquia. Como todo ponto de mudança, o longa promete dividir opiniões: porém, quem clamava por maior criatividade no MCU, tem tudo para gostar.