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Crítica: Em Ritmo de Fuga é filme pop sem medo de ser feliz

Novo longa de Edgar Wright (“Todo Mundo Quase Morto”) acompanha um jovem motorista de fuga que vive em função de suas músicas favoritas

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Ansel Elgort em ritmo de fuga
1 de 1 Ansel Elgort em ritmo de fuga - Foto: Sony Pictures/Divulgação

Cada ruído de “Em Ritmo de Fuga”, de uma derrapada a uma troca de tiros, alcança os ouvidos no ritmo de uma canção. O novo trabalho do diretor britânico Edgar Wright, conhecido por filmes vibrantes como “Chumbro Grosso” (2007) e “Scott Pilgrim Contra o Mundo” (2010), leva ao limite o conceito de um cinema por música.

Com um iPod (e uma playlist) diferente para cada ocasião, Baby (Ansel Elgort) navega pelo submundo de Atlanta na função de motorista de fuga a serviço de Doc, o tipo de criminoso polido, mas ameaçador que só poderia ser vivido por Kevin Spacey. Baby é assim chamado porque mal abre a boca para falar. Prefere se refugiar em suas músicas favoritas.

Bate os dedos no volante para acompanhar a bateria de “Bellbotoms” (Jon Spencer Blues Explosion), cantarola os agudos de uma canção soul (“Easy”, dos Commodores). Até quando está a trabalho, na rua, à espera dos ladrões para mais uma escapada, ele mantém os fones de ouvido em alto volume e usa um par de óculos escuros para mascarar suas reações.

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Ansel Elgort
O ator é um dos mais queridinhos da sua geração
Ele não se pronunciou
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Uma jovem afirma ter sido violentada por ele quando tinha 17 anos

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O ator é um dos mais queridinhos da sua geração

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Ele não se pronunciou

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Baby e Debra se conhecem na cafeteria em que ela trabalha

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Ele foi acusado de estupro

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Um musical de ação
Wright, diretor que foi capaz de filmar toda uma cena em homenagem a “Point Break” (1991), magnum opus do cinema de ação noventista, em “Chumbo Grosso”, tem total consciência do que quer fazer em “Em Ritmo de Fuga”: um filme de ação coreografado por música, na sintonia das canções mais cool possíveis.

Assumindo desde o começo o ponto de vista sonhador de Baby, o longa funciona como uma genuína fantasia juvenil que só ganha sentido e expressão em uma tela grande. O garoto conhece Debra (Lily James, a mais recente Cinderela) em uma lanchonete, o lugar adequado para começos de romance no cinema.

E, veja só, ela é tão fã de música quanto ele e nutre a ideia inconsequente, mas prazerosa de pegar um carro que ambos não podem bancar, cair na estrada e não ter planos para o amanhã ou o dia seguinte.

Pela primeira vez na carreira, Wright filma nos Estados Unidos e toma a sábia decisão de substituir a verborragia britânica de seus outros filmes pelo balé de trocas de tiros e perseguições urbanas do cinema de ação.

Cinema pop sem freios
Com sequências inteiras de pouco ou nenhum diálogo, a conhecida montagem ágil e febril do diretor é renovada pela necessidade de estruturar o filme na forma de um musical – sim, passos de dança estão incluídos.

Essa proposta quase radical de um musical de ação é, infelizmente, abandonada no terceiro ato, quando “Em Ritmo de Fuga” desmonta o sonho lúcido de Baby e instila tons de psicopatia nos comparsas Bats (Jamie Foxx) e Buddy (Jon Hamm).

Assim que a fantasia teen é descortinada, problemas de adulto assombram Baby e “Em Ritmo de Fuga” deixa de ser um filme de ação mobilizado pelas ansiedades de um millennial para se comportar como um produto até convencional – o clímax num estacionamento soa deslocado de tudo que veio antes.

Os probleminhas de desfecho não devem impedir “Em Ritmo de Fuga” de terminar 2017 como uma das experiências mais divertidas do ano. Forjado na geração pós-Tarantino, Wright mostra que é possível fabricar cinema pop de qualidade sem precisar de orçamentos grandiosos ou se filiar a franquias engessadas.

Avaliação: Ótimo

Veja horários e salas de “Em Ritmo de Fuga”

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