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Crítica: em Nós, Jordan Peele garante que o verdadeiro terror é humano

Esqueça monstros e serial killers. Em seu segundo filme, o diretor aposta na capacidade dos homens em subjugar seus iguais

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Enquanto diretor, Jordan Peele não se interessa por serial killers ou por monstros – ou, ao menos, não se prende às criaturas clássicas de filme de terror. Para seus suspenses, ele escolhe um vilão ainda mais aterrador: qualquer pessoa com quem você possa cruzar na rua. No caso de Nós, segundo trabalho de direção do ator, os vilões somos nós mesmos, ou uma versão nossa que concentra os piores defeitos de cada um.

Não espere uma discussão racial como a proposta em Corra!, primeiro longa de Peele. A questão está lá, mas é pura e simplesmente porque a família tradicional que se encontra no meio de um filme de terror é formada por pessoas negras. Somente aí são duas subversões no gênero: uma mulher e um homem afrodescendentes que conquistaram o sonho americano e… não são os escolhidos pelo roteirista a serem os primeiros a morrer.

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Em Nós, a subversão do gênero terror começa com os protagonistas: neste filme, os personagens negros não são os primeiros a morrer

 

A cultura negra também se faz presente em cenas como quando a família canta um rap famoso no carro, ou no momento em que os intrusos invadem facilmente a casa graças a uma chave extra escondida sob uma pedra falsa no jardim: “Coisa idiota de branco”, reclama Gabe (Winston Duke). A mistura do terror com humor é outra marca de Peele, cujos trabalhos de atuação foram, em sua maioria, em comédias.

Essa escolha de roteiro – fazer rir em um dos primeiros momentos aterrorizantes do filme – gera um turbilhão de sensações raramente experimentadas em conjunto pelos cinéfilos de plantão.

Finalmente num papel de protagonista em Hollywood, Lupita Nyong’o pinta e borda como mocinha e vilã. A atriz impressiona pela capacidade de mostrar, ao trabalhar de maneira formidável com expressões, movimentações corporais, tom e cadência de voz, como as duas personas – Adelaide e Red – se encaram diante do inescapável conflito.

Outra atuação admirável é a de Elizabeth Moss como Kitty e Dahlia. Da perua cor-de-rosa à perturbada mulher que nunca experimentou vaidade, a estrela de The Handmaid’s Tale aproveita cada segundo de tela e não tem uma cena mediana.

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Adelaide Wilson é obrigada a encarar um trauma de infância aterrorizante em Nós
O segundo filme do diretor Jordan Peele propõe que cada um de nós tem um gêmeo oculto, que concentra tudo que há de ruim em nossas personalidades
O filme retrata a família americana negra que atingiu o sonho
Os sósias malignos dos Wilson: a cada celebração da família, um momento de dor para os gêmeos do mal
Jason e seu sósia, Pluto: menino que brinca com fogo...
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Lupita Nyong'o atuando consigo mesma: trabalho muito eficiente com expressões, corpo e voz

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Adelaide Wilson é obrigada a encarar um trauma de infância aterrorizante em Nós

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O segundo filme do diretor Jordan Peele propõe que cada um de nós tem um gêmeo oculto, que concentra tudo que há de ruim em nossas personalidades

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O filme retrata a família americana negra que atingiu o sonho

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Os sósias malignos dos Wilson: a cada celebração da família, um momento de dor para os gêmeos do mal

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Jason e seu sósia, Pluto: menino que brinca com fogo...

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Com participação curta, Elizabeth Moss é um dos destaques do elenco tanto em sua versão boa, como na ruim

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O terror se mistura à comédia em Nós – turbilhão de emoções para o espectador

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A mãe de família enfrenta os demônios de cada um para se salvar

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A pequena Adelaide: trauma de infância mudou completamente sua vida

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O poster do filme

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Em um mundo dividido entre eles e nós, em que o pensamento vigente diz que a maior ameaça vem de fora, o novo longa de Peele traz reflexões incômodas: e se nossos algozes forem nós mesmos? E se a maior ameaça à minha segurança não sejam meus vizinhos, mas meus problemas internos?

Em uma cultura tão ensimesmada como a americana, essas são perguntas difíceis de responder. Mas para qualquer um que assistir a Nós, a conclusão é ainda mais espinhosa. Na maioria das vezes, a fronteira entre o bem e o mal em uma pessoa é um imenso borrão.

Avaliação: Ótimo

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