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Crítica: Duas Rainhas é conto enfurecedor de sororidade e soberania

A história foca no relacionamento entre as rainhas, um debate entre mulheres

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1 de 1 duas rainhas cred Liam Daniel FOCUS FEATURES LLC. ALL RIGHTS RESERVED. - Foto: Liam Daniel/2018 FOCUS FEATURES LLC. ALL RIGHTS RESERVED.

A história da rainha Mary, da Escócia, e sua relação tensa com a rainha Elizabeth I, da Inglaterra, não é algo novo. As desavenças já foram visitada em muitas outras produções (como, por exemplo, Reign). Porém, por conta da atuação das protagonistas e a influência da diretora teatral Josie Rourke, Duas Rainhas tem qualidade e impacto muito maiores. As influências shakespearianas da realizadora são gritantes tanto no figurino quanto no modo calculado que, por exemplo Margot Robbie se porta.

A trama é focada em Mary (Saoirse Ronan), que volta à Escócia após a morte de seu marido, o rei da França. Seu retorno é marcado pelo seu status. Ela se tornou rainha da Escócia ao nascer e teria direito ao trono da Inglaterra caso sua prima, Elizabeth I (Margot Robbie), não se casasse ou produzisse um herdeiro.

Como são cruéis os homens…

Rainha Elizabeth I (Margot Robbie)

Outro aspecto dela que marca sua vivência é seu catolicismo em uma ilha protestante, virando uma ameça aos poderes religiosos. Sua corte, completamente masculina, não é confiável – assim como todos os aliados escolhidos pela jovem monarca. A única pessoa capaz de entender seus problemas é, infelizmente, sua maior rival.

Saoirse Ronan é, com certeza, o destaque do filme. Sua face inabalável e atitude desafiadora frente à corte completamente masculina lembra sua brilhante atuação em Ladybird. Margot Robbie mostrou, por sua vez, completo controle de uma personagem complexa – tornando-a mais do que a rainha malvada em busca de destruir a vida de sua rival por inveja.

Embora a história seja focada em rainhas, há cenas de Saoirse que são reminiscentes de Maria Antonieta (2006): cheios de risadinhas entre a monarca e suas damas. No entanto, a atriz é flexível o bastante deixar o maneirismo de adolescente apaixonada para líder austera e capaz de liderar a Escócia e a Inglaterra.

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Elizabeth por sua vez é uma personagem moldada pelo seu meio. Em diversos pontos do filme, ela devaneia sobre seus desejos de “se tornar um homem” ou explica que, por conta de sua posição como líder, tem se tornado “mais homem do que mulher”. No entanto, há momentos femininos estereotipados, nos quais a vulnerabilidade dela quebra a máscara pálida de talco da rainha através da emoção nos olhos de Margot Robbie.

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Embora sejam rivais, elas se preocupam uma com a outra. Ao final do filme, vemos a transformação de Elizabeth ao longo do tempo. Sua falta de tolerância e emoção foram um resultado de seu ambiente: rodeada de homens, ela se tornou rígida. No dia da decapitação de Mary, a rainha é mostrada chorando por meros segundos.

Divulgação

 

O aspecto mais impactante do filme é o foco nas mulheres. A diretora incluiu diversas cenas antigamente inaceitáveis, como o momento que Mary fica menstruada e suas damas devem trocar suas roupas e limpá-la. Outra sequência nesse sentido mostra o personagem de Jack Lowden fazendo sexo oral em Mary, recusando a retribuição oferecida.

Irmãs não abandonam irmãs

Mary Fleming (Maria Dragus)

O filme ressoa para uma mulher, pois, ao longo dele, há uma fúria e um cansaço crescente em relação aos homens que tentam controlar essas duas figuras históricas. David Tennant é um dos maiores responsáveis pela raiva e pelo desgosto masculino no filme. Ele faz o papel de John Knox, representante da igreja protestante. Após ser contrariado por Mary, começa a dar sermões tentando profetizar que sua rainha seria o fim da Escócia e da igreja. Além disso, passa o longa inteiro a chamando de “meretriz”.

Temos uma maldição em nossa terra. Uma mulher com uma coroa

John Knox (David Tennant)

As influências teatrais da diretora são claras em um dos melhores takes do filme: o primeiro e único encontro entre Mary e Elizabeth em uma cabana remota. Há a presença de alguns lençóis pendurados no teto, mas não o bastante para obstruir a visão da câmera ou os personagens. O cenário é algo que teria funcionado muito melhor no palco, mas não subtraiu a emoção e a intenção dele na fita.

Divulgação

 

No entanto, quando Elizabeth entra na cena, o foco nos lençóis é muito maior. Esta pode ter sido uma metáfora para representar tudo que obstruiu o encontro das duas monarcas até então. Impaciente, Mary remove um último lençol e implora Elizabeth por sua ajuda. Trata-se de uma representação, pois foi o desespero e a impaciência de Mary que as reuniu nesta cabana. É neste momento que a emoção da personagem explode:

“Não entre no jogo deles. seu coração é maior do que os homens que a aconselham. Não serei repreendida por minha inferior. Se me matar, matará sua irmã. E matará sua Rainha”.

Avaliação: Excelente

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