Crítica: “Dois Caras Legais” mistura sintonia cômica com cenas de ação
Com Russell Crowe e Ryan Gosling no elenco, novo filme de Shane Black (“Homem de Ferro 3”) narra uma investigação sobre o aparente suicídio de uma atriz pornô
atualizado
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Quem viveu os anos 1990 e gosta do cinema daquela época talvez admire Shane Black sem saber quem é o sujeito. Na década das comédias de ação, Black assinou os roteiros da franquia “Máquina Mortífera”, com Mel Gibson e Danny Glover, e de filmaços subestimados como “O Último Boy Scout” (1991) e “O Último Grande Herói” (1993). Graças a uma bem-sucedida carreira recente, o cineasta revive o subgênero em “Dois Caras Legais”, com Russell Crowe e Ryan Gosling.
Black, entre outras coisas, foi um dos responsáveis por ressuscitar Robert Downey Jr. em “Beijos e Tiros” (2005), bem antes de Homem de Ferro. O próprio diretor também teve seu momento lucrativo na seara dos super-heróis quando dirigiu o terceiro capítulo da franquia, em 2013.
Agora, ele retorna ao tipo de filme que mais gosta de fazer: comédia verborrágica com personagens dispostos a atirar a esmo e a se meter em tramas rocambolescas (e um tanto ridículas) de crime e vingança. Black encontra o cenário e a época ideal para isso na Los Angeles dos anos 1970.
Um filme meio anos 1990 sobre a década de 1970
Numa trama que não necessariamente busca fazer sentido, Jackson (Crowe) e Holland (Gosling) investigam o aparente suicídio de uma atriz pornô no submundo de Hollywood. Dentro das tradições dos filmes buddy – subgênero sobre homens que não se entendem e acabam virando amigos/parceiros –, os dois não se gostam, mas se tornam aliados.
Crowe faz o detetive particular sério e metódico, enquanto Gosling encontra um inédito tipo humorístico, todo desajeitado e cheio de manias e limitações – uma delas é a falta de olfato, um “talento” infeliz para quem ganha a vida espiando a vida dos outros. March ainda precisa equilibrar o trabalho com a criação da filha, Holly (Angourie Rice), adolescente mais sagaz que os dois juntos.
A história sempre segue por caminhos absurdos, especialmente quando um deles aponta para uma conspiração envolvendo Amelia (Margaret Qualley), uma sósia da atriz que pretende enfrentar a caretice dos pais com seu comportamento hippie.
“Dois Caras Legais” conquista pelo carisma das atuações, sobretudo Gosling, e pela maneira sempre abrupta e frontal com que o diretor aproxima a violência da comédia. Um cartum fetichista da cidade dos sonhos na mais louca das décadas. Detalhe: o filme foi rodado em Atlanta, informação que só colabora com o tom descarado do filme.
Avaliação: Bom
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