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Crítica: Deslembro é triste retrato do trauma da Ditadura em crianças

O longa conta a história de uma adolescente exilada na infância que volta ao Brasil após a Lei da Anistia: rebeldia e memórias confusas

atualizado

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1 de 1 Deslembro-0031 - Foto: Divulgação

Deslembro, longa de ficção lançado nesta quinta-feira (20/062019), traz a vivência de uma adolescente durante a Ditadura Militar: depois de passar boa parte da vida no exílio, Joana (Jeanne Boudier) se vê obrigada a abandonar a França e voltar ao Brasil. A experiência é familiar à diretora, Flávia Castro, que também foi exilada quando criança e retornou ao país nessa fase da vida. O filme, no entanto, não é uma autobiografia: em comum entre Joana e Flávia, são as sensações de se ter 16 anos em um contexto assim.

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Em Deslembro, Joana e seus irmãos voltam ao Brasil após a Lei da Anistia
No papel principal, a adolescente entrega um bom trabalho e não se intimida ao contracenar com Eliane Giardini
O filme discute o trauma de se ter um parente desaparecido político
O poster do filme
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Joana: a adolescente relutante com o Brasil (e com o calor do Rio de Janeiro)

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Em Deslembro, Joana e seus irmãos voltam ao Brasil após a Lei da Anistia

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No papel principal, a adolescente entrega um bom trabalho e não se intimida ao contracenar com Eliane Giardini

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O filme discute o trauma de se ter um parente desaparecido político

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O poster do filme

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O trauma da protagonista é revelado aos poucos. Filha de um desaparecido político, a garota renega veementemente sua identidade enquanto brasileira quando diz à mãe que não quer “voltar a esse seu país de merda”. Outro indício é a linguagem escolhida pela personagem: enquanto seus irmãos caçulas, o chileno Paco (Arthur Raynald) e o francês Leon (Hugo Abranches) se comunicam melhor nos idiomas de seus países de origem, Joana opta pelo francês até mesmo quando conversa com a mãe.

A trama se concentra na relação de Joana com o Brasil e com o pai, o desaparecido político Eduardo (Jesuíta Barbosa). O trauma da morte jamais confirmada influencia em muitos aspectos da vida da adolescente, desde a obtenção de autorizações dos pais para uma viagem escolar até sua própria autoimagem. Se uma criança passa por um forte trauma quando é bem pequena, como isso reverbera na versão que ela mesma faz dos fatos?

No papel da avó paterna de Joana, Lúcia, Eliane Giardini torna-se, com leveza e muita força, a ponte entre a neta e o filho, a única memória possível que a garota poderia ter do pai – já que a mãe tem muita dificuldade em falar sobre a morte do marido. Entre dramas clássicos da adolescência, como o primeiro amor e experiências com cigarros e maconha, Joana está em constante embate interno entre a ideologia e o medo de se ter pais ativistas políticos. O trauma e a luta, pelo jeito, andam de mãos dadas em regimes ditatoriais.

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