Crítica: de olho na China, Abominável desconstrói figura de “monstro”
DreamWorks se vale de cenários chineses para contar história sobre a importância da amizade com protagonismo feminino
atualizado
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Se analisado de uma maneira “fria”, tal como o Everest que circunda toda a animação, Abominável é um flerte da DreamWorks com o público chinês (bem se sabe as motivações econômicas para tal gesto) e um recado às novas gerações. A protagonista, Yi, batalha para ganhar o próprio dinheiro e realizar um sonho secreto, sem que, para isso, precise de um príncipe para ajudá-la na missão. Empoderada e self-made, como costuma-se dizer.
Segundo maior mercado de cinema mundial, a China empresta seus cenários naturais pouco conhecidos (para além de já conhecida Xangai, onde vive a menina introspectiva) à narrativa, que estreia nesta quinta-feira (26/09/2019) nos cinemas brasileiros. A saga tem início com a fuga de um Yeti, popular na cultura daquele país e conhecido, no Brasil, como Abominável Homem das Neves.
Por trás do enorme monstro, há uma criatura dócil, mas que se fere ao ser perseguido por um colecionador milionário que quer ostentar o achado à imprensa mundial.
Após conseguir se libertar do cativeiro, o mostrengo assustado encontra a jovem Yi, dublada, no Brasil, por Mharessa Fernanda. Ambos têm os próprios traumas e criam laços. No telhado onde chinesa “se esconde”, é batizado de Everest, local que reconhece como casa após ver um imenso letreiro.
Avessa aos amigos e familiares desde uma perda recente, Yi é obrigada a contar com a ajuda do pequeno – e animado! – Peng e Jin (egocêntrico e alívio cômico da trama) para levar Everest em segurança até o lar, nas gélidas montanhas. No caminho, autodescobertas fazem com que todos se sintam diferentes.
Com direção de Jill Culton (mesma roteirista de Monstros SA), Abominável tem estética de anime, com closes nos imensos olhos dos personagens, e uma fotografia impecável, que quase faz o público confundir-se entre o que é desenho e o que é real. Ao final, a lição: não tudo se limita ao que parece.
Avaliação: Bom