Crítica: Cinquenta Tons de Liberdade é clímax de franquia erótica
Com James Foley (Cinquenta Tons Mais Escuros) novamente na direção, longa segue as primeiras crises no casamento de Ana e Christian Grey
atualizado
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Cinquenta Tons de Liberdade fecha a trilogia de filmes baseada nos livros da inglesa E.L. James com abordagens distintas dentro da mesma história. E, vale dizer: o que começou como fanfic de Crepúsculo acabou superando – pelo menos no cinema – a saga dos vampiros cintilantes.
Eis o quanto Liberdade tem de ambíguo. De um lado, James Foley, o diretor, precisa desafiar o casal Ana (Dakota Johnson) e Christian Grey (Jamie Dornan) com o retorno de Jack Hyde (Eric Johnson), ex-chefe da moça, agressor de mulheres e chantagista. Em resumo, levar a (previsível) trama adiante e cumprir compromissos de franquia.
Por outro, Foley consegue repetir o que realizou em Cinquenta Tons Mais Escuros (2017), filme notavelmente melhor do que o inaugural Cinquenta Tons de Cinza (2015): aqui e ali, encaixar desvios de rota curiosos e brincar visualmente com os gêneros à disposição da trama (comédia, romance, suspense) e ambientações cada vez mais artificiais.
Os últimos Cinquenta Tons
Entre um e outro ato possessivo do bilionário (de bom coração) Grey, que destaca dois seguranças particulares para seguir Ana por Seattle, vemos um relacionamento que aos poucos muda de configuração.
A mulher toma as rédeas da casa, da narrativa, dos avanços ameaçadores de Hyde e até dos medos do marido, um homem assombrado por sua experiência de órfão e filho adotivo. “Está na hora de começar a agir como adulto”, diz Ana ao empresário.
Acontece que o eixo dramático sempre interessa menos que os momentos de “respiro”. Foley aproveita passeios de carro para filmar perseguições à la Velozes e Furiosos. O Quarto Vermelho ganha novos brinquedinhos – um estojo de vibradores, por exemplo – e ares de divã conjugal.
Há espaço até para humor num dos ataques de Hyde à cobertura dos Grey, no qual os seguranças de Ana questionam como vão amarrar o invasor, e breve interlúdio musical com um Dornan (afinado) fazendo cover ao piano de Maybe I’m Amazed, hit de Paul McCartney.
Entre tantas fartas cenas de sexo, a melhor é a que justamente pretende apenas divertir o público com um pote de sorvete no meio da noite. Vá pela pose de thriller erótico chique, fique pelas escapulidas.
Avaliação: Regular