Crítica: cinebiografia de médium Divaldo é boa mensagem de tolerância
O longa chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (12/09/2019)
atualizado
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A doutrina espírita está presente no mercado audiovisual brasileiro há bastante tempo, principalmente em novelas da Globo, como a clássica A Viagem (1994). Nos últimos anos, o cinema ganhou mais produções nessa temática, dentre as quais, Nosso Lar (2010) teve maior apelo popular. Seguindo essa tendência, estreia nesta quinta-feira (12/09/2019) Dilvado – O Mensageiro da Paz, filme sobre a trajetória do médium baiano, conhecido pelas ações sociais e pelos diversos livros publicados.
O longa é uma cinebiografia de Divaldo, que, aos 92 anos, segue mantendo suas atividades religiosas pelo Brasil. Com direção de Clovis Melo, o filme volta à infância do médium, revivendo seus desafios para entender sua espiritualidade e o caminho até se tornar um dos principais expoentes da religião no país.
Filmado de maneira quase linear, o público acompanha o religioso em três fases: infância, juventude e maturidade. Nesse último momento, o ator Bruno Garcia assume o papel, entregando uma performance sóbria e, por vezes, emocionante. No entanto, são duas personagens femininas que concentram as melhores interpretações da produção. Regiane Alves como o espírito guia de Divaldo e a mãe do médium, dona Ana, vivida por Laila Garin são os pontos altos do longa.
Acompanhar a história de Dilvado é, em certa medida, perceber ainda a permanência de um resistente preconceito religioso no Brasil. Menos atacado que as religiões de matriz africana, o espiritismo sempre enfrentou olhares preconceituosos e desconfiados – dinâmica que fica clara na cena em que o pai do médium, Seu Francisco (Caco Monteiro), precisa aceitar a ida do filho a Salvador para frequentar encontros destinados a estudar a doutrina.
Discussões religiosas
Um dos atrativos de Dilvado é que, por meio da trama, parte dos ensinamentos do espiritismo são passados para o telespectador. Longe da categorização entre demônios e santos, os personagens não humanos aparecem de forma mais natural – mesmo que, no papel de um espírito obsessor, Marcos Veras entregue uma atuação um pouco exagerada.
Mesmo assim, é na conversa entre o personagem principal e seu espírito obsessor que grande parte da doutrina espírita é debatida. Divaldo defende levar os aprendizados obtidos no contato com o outro lado a todos, enquanto seu antagonista acredita ser necessário deixar tudo em segredo. E, por mais que se ache piegas, é neste momento que o médium defende um dos principais dogmas: o amor ao próximo.
Em um mundo que se afoga em intolerância, é interessante presenciar um filme que traz como mensagem principal o amor entre os seres humanos. De um aspecto mais técnico, também agrada perceber a evolução do cinema brasileiro, entregando produções com bons efeitos visuais.
Avaliação: Bom