Crítica: Capitã Marvel mostra super-heroína em busca de identidade
Brie Larson interpreta a personagem-título, ex-piloto da Força Aérea que surge como principal esperança do universo em Vingadores: Ultimato
atualizado
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Capitã Marvel, para todos os efeitos, é o filme de época do MCU (Universo Cinematográfico Marvel). Com dois anos de atraso em relação à estreia solo de Mulher-Maravilha, da editora concorrente DC Comics, a primeira super-heroína da Marvel a ganhar aventura solo representa a esperança dos Vingadores (e do resto de todos os seres vivos) no derradeiro longa do atual ciclo da franquia, Ultimato (25 de abril).
Voltamos ao ano de 1995 para conhecer Vers (Brie Larson), uma guerreira do grupo de elite Starforce, responsável por defender a capital da raça alienígena Kree, Hala, dos constantes ataques dos Skrulls, rivais históricos. Aos poucos, pesadelos vêm à tona mostrando à personagem seu passado na Terra: aqui, ela era Carol Danvers, talentosa piloto da Força Aérea dos EUA.
Estreante em blockbusters, o casal Anna Boden e Ryan Fleck, conhecido por Half Nelson (2006) e Se Enlouquecer, Não se Apaixone (2010), coloca Danvers ao centro de uma guerra extraterrestre envolvendo disputa por território. Obviamente, como acontece em todas as contendas galácticas, o conflito acaba chegando à Terra quando a nave de Vers desaba em solo humano.
Aparentemente pouco à vontade com a farta quantidade de efeitos visuais exigidos por um filme desse porte — trata-se do 21º título do MCU e do penúltimo da Fase Três –, Boden e Fleck atingem seus melhores momentos quando enfatizam a busca de Danvers por identidade e seu espaço no cosmos.
Isso envolve, além da descoberta e do aprimoramento de poderes ainda desconhecidos, deixados para o terço final do filme, uma intensa necessidade de entender e administrar a influência (nefasta ou positiva?) de mentores à sua volta: a Suprema Inteligência/Dra. Wendy Lawson (Annette Bening), o rosto que surge em seus sonhos, Yon-Rogg (Jude Law), comandante da Starforce e, por fim, Nick Fury (Samuel L. Jackson), funcionário da S.H.I.E.L.D. com quem a heroína tem suas melhores interações.
Capitã Marvel, o filme, recorre, em cenas pontuais, àquele humor Marvel zoeiro já esperado e até um tanto previsível. A comédia suaviza, mas não esconde o ritmo claudicante e moroso da história, dependente o tempo inteiro de viradas de roteiro e revelações.
Há menos nostalgia noventista do que a encomenda prometia — fliperamas, bandas como Nirvana, Hole, No Doubt e R.E.M. na trilha, internet discada, rede de locadoras Blockbuster –, um indicativo de que o filme busca, de certa maneira, uma seriedade dramática e algo trágica para o que veremos a seguir em Vingadores: Ultimato.
Se Capitã Marvel serve apenas como uma espécie de trailer das capacidades da super-heroína — o MCU claramente guarda o melhor para Ultimato –, fica a sensação de que Boden e Fleck poderiam ter arriscado mais em outras frentes, como o desenvolvimento dos personagens e os conflitos intergalácticos e existenciais que envolvem a protagonista.
Um filme simpático, moderadamente divertido, mas sem tanta personalidade própria, como a maioria dos produtos do MCU.
Avaliação: Regular