Crítica: Britney vs. Spears ignora #FreeBritney e reforça conduta abusiva de Jamie
O documentário da Netflix tem um ar repetitivo, porém, cumpre papel de expor incoerências do pai da cantora
atualizado
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Depois do sucesso de Framing Britney Spears, que colocou o movimento #FreeBritney em pauta na mídia mundial, a Netflix lançou, nesta terça-feira (28/9), a sua versão da batalha judicial acerca da tutela sobre a cantora exercida por Jamies Spears, pai da popstar. Com novas informações sobre o caso, principalmente documentos usados nos tribunais, Britney vs. Spears não deixa de soar repetitivo.
Britney vs. Spears foca sua narrativa na batalha judicial entre pai e filha. Porém, para chegar ao ponto em que aborda esse tema, reconstrói a trajetória de Britney e acaba ouvindo os mesmos personagens das produções anteriores. O primeiro ato do filme parece um recap de tudo que já foi discutido até então.
O documentário ganha força a partir do momento em que é revelado que, por meio de uma fonte anônima, foram repassados os autos (até então em segredo de Justiça) do processo. É nesses papéis que o espectador observa as inúmeras incoerências entre o discurso público de Jaime Spears e o que foi tratado judicialmente.
Erros e acertos
Britney vs. Spears passa a mensagem, já há algum tempo defendida pelo movimento #FreeBritney (voltaremos a esse tema no final), de que Jaime explova a cantora com o único objetivo de enriquecer. A narrativa mostrada caminha para esse sentido, o que, sem dúvida, é o ponto alto da produção – sabiamente encerrada com o pronunciamento da cantora no tribunal, em um áudio que revelou como a própria Britney se sente em relação à tutela.
Um problema do filme é a escolha de como mostrar o conteúdo dos documentos: sempre pontuado em diálogos entre a documentarista e a jornalista envolvida no projeto. São conversas encenadas, que, de forma um pouco constragendora, vocalizam as conclusões que o público facilmente chega ao ver os fatos ali narrados.
Mesmo que repetitivo, Britney vs. Spears cumpre o papel de adicionar mais peças a um caso que expõe, para além das falhas do sistema de tutela dos Estados Unidos, um homem que se acha no direito de controlar (em todos os aspectos) a vida de uma mulher. E isso é sempre um ponto positivo.
P.S.: o documentário faz a escolha de não abordar o movimento #FreeBritney, que é mostrado de maneira en passant e é retirado de qualquer papel de protagonismo no caso. Uma escolha que, ironicamente, assemelha-se à declaração de Jamie Spears, que o chamava de um “surto da internet”.
Avaliação: Regular