Crítica: “Bom Comportamento” mostra lado B de Nova York sem pessimismo
Longa dirigido pelos irmãos Benny e Josh Safdie traz Robert Pattinson no papel de um jovem marginalizado tentando tirar o irmão da cadeia
atualizado
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Numa só noite, entre luzes fugidias de uma Nova York nada turística, Connie Nikas (Robert Pattinson) tenta arrumar dinheiro para tirar o irmão da cadeia após um desengonçado assalto a banco. “Bom Comportamento” tem sinopse de filme qualquer coisa, mas se desenrola com a vibração autêntica que o cinema alternativo poucas vezes consegue atingir.
Não por acaso, a direção também é dividida entre irmãos, Ben e Josh Safdie. Depois de “Amor, Drogas e Nova York” (2014), sobre uma sem-teto viciada em heroína, a dupla leva seus habituais close-ups urgentes para um thriller de perseguição que recusa fatalismos fáceis para registrar a experiência de vidas marginalizadas na metrópole.
“Bom Comportamento” depura acontecimentos de uma noite quase em tempo real, mas passa longe do truque narrativo espertinho. É o contrário disso.
A periferia filmada sem demagogia ou baixo astral
Os vestígios cotidianos se estabelecem de maneira direta: do roubo atrapalhado de Connie e Nick (Ben Safdie), seu irmão com deficiência mental, ao acúmulo de encontros e situações (de risco, violência, fuga, afeto) que se seguem após a prisão de Nick e a correria de Connie por NY madrugada adentro.
O que impressiona é o quanto os irmãos Safdie alcançam de original sem precisar apelar para hermetismos empolados ou soluções preguiçosas de roteiro.
Embalado pela inspirada trilha eletrônica de Oneohtrix Point Never e pelos tons de neon da fotografia de Sean Price Williams, “Bom Comportamento” dribla os extremos sentimentais do cinema indie americano (ora efusivo e demagogo, ora baixo astral) e escreve uma honesta história de periferia. Um filme sobre sobreviver ao presente.
Avaliação: Ótimo