Crítica: “Baywatch” relê a série com ironia, mas sobram piadas bobas
Filme renova o seriado sobre guarda-vidas com Dwayne Johnson e Zac Efron nos papéis principais. Humor escatológico dita o clima do longa
atualizado
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“Baywatch”, com guarda-vidas saradões correndo em câmera lenta, jamais foi uma série lembrada por atributos, digamos, artísticos. Mas a marca deixada na cultura pop é inegável. Em 2017, Hollywood tenta resgatar essa nostalgia kitsch em uma versão claramente consciente do quão tosco o seriado era.
Ninguém com mais de 20 e tantos anos pensa em praias ensolaradas americanas sem visualizar David Hasselhoff e Pamela Anderson vestindo trajes de banho vermelhos. “Baywatch” envelheceu mal e, ainda assim, os guarda-vidas bonitões seguem no imaginário coletivo.
Na nova versão, Dwayne Johnson, o The Rock, e Kelly Rohrbach assumem os papéis de Mitch Buchannon e CJ Parker. A locação também muda de costa: de Los Angeles, cenário da série, para a Flórida. Stephanie (Ilfenesh Hadera) completa a nova equipe.
Nostalgia filtrada pelo humor adulto
A presença de Zac Efron garante essa filiação de “Baywatch” às comédias adultas atuais, como a franquia “Vizinhos”, estrelada pelo ator. Ele faz o personagem que já se tornou sua marca: um sujeito festeiro, arruaceiro e que se julga o ideal de beleza masculina.
Há até um coadjuvante tipicamente visto nas comédias de hoje: Ronnie (Jon Bass), o nerd loser meio fora de forma que sonha em fazer parte dos guarda-vidas – e se aproximar de CJ.
Matt Brody (Efron) é (ou era) nadador de alto nível. Ganhou duas medalhas de ouro nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Ficou mais conhecido, porém, por um episódio à la Ryan Lochte na Cidade Maravilhosa. Após uma noitada, prejudicou a equipe americana no revezamento.
Agora, precisa arrumar um emprego para evitar punições mais severas. Brody logo vê na seletiva de guarda-vidas a chance de descolar um trabalho fácil e, de quebra, flertar com Summer Quinn (Alexandra Daddario), outra postulante ao time.
Boa atmosfera kitsch, mas piadas gastas
“Baywatch”, o filme, claramente assume o que havia de absurdo na série – guarda-vidas que investigam e solucionam crimes? –, mas parece mais interessado na dinâmica ora espinhosa, ora paternal entre Buchannon e Brody.
Diante do espírito de equipe, a trama policial soa dispensável: uma madame da região (Priyanka Chopra) que domina o tráfico de drogas sintéticas e articula dominar os imóveis à beira-mar.
“Baywatch”, um fracasso nas bilheterias americanas, tem os seus melhores momentos quando dá um tempo nas sacadas de roteiro e arrisca interpretar visualmente esse universo kitsch. Nos piores, apoia-se em piadas gastas e bobas sobre pênis e situações homoeróticas.
Sobram cenários fakes digitais de propósito, alguns salvamentos improváveis – como The Rock antevendo uma tragédia e pulando na água antes mesmo de um afogamento – e até breves aparições de Hasselhoff e Pamela (em super câmera lenta). Não é a melhor nem a pior comédia que você verá em 2017.
Avaliação: Regular
Veja horários e salas de “Baywatch”