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Crítica: Batem à Porta tem o bom de Shyamalan em suspense conservador

Batem à Porta, de M. Night Shyamalan, tem bons momentos, mas deixa um incômodo ao fim: que não é capaz de estragar toda a experiência

atualizado

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Cena do filme Batem à Porta, de M. Night Shyamalan
1 de 1 Cena do filme Batem à Porta, de M. Night Shyamalan - Foto: Divulgação

M. Night Shyamalan domina, como poucos diretores, a arte de criar tensão a partir de uma simplicidade. Uma única pessoa pode virar algo agoniante, como em Fragmentado (2016), ou uma relação entre um homem e uma criança ganha contornos sombrios – sim, estou falando de Sexto Sentido (1999). Agora, o cineasta retorna com Batem à Porta e traz novamente o melhor da sua assinatura.

Em Batem à Porta, Andrew (Ben Aldrige) e Eric (Jonathan Groff) vão passar férias em uma cabana com a filha do casal, a pequena Wen (Kristen Cui). Lá, eles recebem a visita de quatro estranhos, armados, que trazem notícias não muito animadoras. “Eu queria que você entendesse que tudo que fizermos aqui, não é por mal”, dispara Leonard (Dave Bautista) para a criança em seu primeiro encontro.

Cena do filme Batem à Porta
Cena do filme Batem à Porta

Além de Leonard, o grupo é formado por Redmond (Rupert Grint), Adriane (Abby Quinn) e Sabrina (Nikki Amuka-Bird). Eles aviasam à família que o destino do mundo está nas mão deles: é necessário o sacrifício de um deles para salvar a humanidade do apocalipse.

E, a cada vez que a família se recusa a fazer, um dos quatro estranhos morre e uma praga se abate sobre o planeta. Sim. Logo no começo do filme somos apresentados a toda a mitologia criada por Shyamalan.

A graça do roteiro, então, não é compreender o mistério de quem são os quatro. Mas descobrir se aquilo que é dito é verdade. Shyamalan constroi ícones claramente religiosos (apocalipse, quatro cavaleiros, pragas etc) e coloca a decisão nas mãos de um casal gay, que adotou uma criança.

O diretor, neste ponto, provoca a audiência e, a cada passo, aprofunda ainda mais a dúvida colocada na cabeça do público. Dentro daquele universo, aquilo tudo é verdade? Ou é fruto de fanáticos religiosos? Qual escolha e qual a consequência da escolha de crer ou não? E isso é o trunfo de Shyamalan: criar tensão em um universo contido, a ponto de fazer todo mundo sair da sala se questionando e pensando. Ponto positivo.

Batem à Porta é uma adaptação do livro O Chalé no Fim do Mundo, de Paul Tremblay. As noções principais da obra literária estão no filme, mas o encerramento do longa é infinitamente pior que o do material base.

O problema, aqui, é que Shyamalan faz um escolha que soa conservadora e, no limite, capaz de dialogar com uma interpretação distorcida em um mundo que vê crescer preconceitos e fanatismos. Algo que, inevitavelmente, cria um incômodo ao fim do filme.

Se o filme foi ousado em não segurar uma reviravolta para os segundos finais, foi conservador ao amarrar suas pontas.

Avaliação: Bom

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