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Crítica: animação Ron Bugado deixa sensação de desconforto sobre a tecnologia

Os primeiros momentos de Ron Bugado são dignos de distopia, embora tenham raízes em comportamentos bem próximos da nossa realidade

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Os primeiros momentos de Ron Bugado são dignos de distopia, embora tenham raízes em comportamentos bem próximos da nossa realidade. Tudo começa com a apresentação do B*Bot, uma espécie de assistente pessoal e rede social voltado para crianças.

Não demora até que o robozinho se torne a principal maneira de os jovens se comunicarem, com exceção do protagonista Barney (Jack Dylan Grazer), cuja família não tem dinheiro para presenteá-lo com um. Isolado das demais crianças, o garoto acaba ganhando uma versão da máquina defeituosa, comprada de forma ilegal pelo pai.

A partir daí, se desenrola a trama da primeira animação infantil distribuída pela 20th Century Studios, o novo nome da 20th Century Fox após a aquisição pela Disney. O roteiro é focado nas interações do garoto com a versão “bugada” do robô, apelidada de Ron (Zach Galifianakis) cuja diretriz de programação destoante dos demais robôs acaba causando situações caóticas.

Essas falhas de programação vão formando os melhores momentos do filme, nos quais cada ação fora de programação de Ron ajudam a criar os conflitos e, enquanto a empresa responsável pela fabricação da máquina tenta resolver os problemas (ou acobertá-los, no papel do vilão, o chefe da empresa, Andrew).

Pela natureza de Ron, também vai sendo construída a mensagem principal do filme, no qual uma amizade pode florescer das circunstâncias mais improváveis, e se reforça no momento em que Barney e o robô vão criando uma afeição a despeito de todos os problemas.

Pode até não ter sido a intenção dos co-diretores Sarah Smith, Jean-Philippe Vine e Octavio E. Rodriguez, mas não deixa de ser assustadora a perspectiva de um mundo em que os relacionamentos só podem ser construídos com base em plataformas de mídias sociais misturadas com ferramentas de monitoramento que, no fundo, não são nada mais do que reflexos do mundo em que já vivemos.

O longa até tenta fazer algumas reflexões sobre o tema em alguns dos dilemas criados quando os comportamentos de Ron acabam causando problemas maiores, mas tudo acaba sendo jogado para debaixo do tapete em prol da história de amizade que guia o relacionamento dos protagonistas. Embora uma mensagem positiva predomine, é bem possível que Ron Bugado também faça você sair do cinema com uma sensação de desconforto sobre a tecnologia, e como ela domina nossas vidas.

Avaliação: Bom

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