Crítica: animação “O Touro Ferdinando” prega respeito às diferenças
Dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, de “A Era do Gelo”, desenho acompanha touro que prefere cheirar flores a brigar com seus pares
atualizado
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Em tempos de ânimos aflorados por dualidades políticas e postagens radicais em redes sociais, é curioso como “O Touro Ferdinando” prega respeito às diferenças por meio da fofura. Dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha, o mesmo das franquias animadas “Rio” e “A Era do Gelo”, a produção segue as desventuras de um animal que se recusa a se comportar como seus pares.
Personagem literário criado por Munro Leaf e Robert Lawson e popularizado por um clássico curta-metragem da Disney (lançado em 1938), Ferdinando prefere sentir o aroma das flores a sair brigando por aí com colegas em busca de um lugar ao sol nas touradas.Desde pequeno, quando perdeu o pai para os sangrentos “espetáculos” de arena, Ferdinando é tratado por outros touros como um frouxo, um bicho sensível demais para cumprir o destino de qualquer outro boi de briga: lutar até morrer. Só que ele prefere sobreviver com armas menos pontiagudas: amizade no lugar de rivalidade, liberdade em vez de cativeiro.
Como nos outros filmes dirigidos por Saldanha, as sequências de dança, ação e comédia costumam exalar mais carisma do que a história propriamente dita. Tanto que é mais fácil lembrar dos infortúnios de Scrat, o esquilo azarado, nos filmes da saga “A Era do Gelo” do que das idas e vindas do roteiro.
Em “O Touro Ferdinando”, uma dance fight hilária, envolvendo “gangues” rivais de cavalos e touros e um coelhinho frenético que morre de susto (e volta à vida) em duas oportunidades, praticamente salva o dia.
Ainda assim, fica a sensação de que todo o tecnicismo de alta performance envolvido na animação não é acompanhado por uma narrativa deveras sofisticada – um equilíbrio que a Pixar, sobretudo no recente “Viva: A Vida É uma Festa”, consegue acertar com mais frequência do que a Blue Sky, produtora de “Ferdinando”.
O desenho usa e abusa da fofura – alô, trio de ouriços sapecas – para celebrar a importância de ser autêntico sem medo de represálias. Tais gracejos não chegam a sustentar os 108 minutos de filme, mas garantem algumas boas risadas.
Avaliação: Regular