Crítica: Angelina Jolie segura o filme Malévola: A Dona do Mal
Atriz volta ao papel da feiticeira na sequência do filme de 2014. Live-action da Disney mostra guerra entre humanos e Seres das Trevas
atualizado
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Malévola: Dona do Mal, quarto filme live-action da Disney em 2019, leva adiante a releitura do clássico A Bela Adormecida, de Charles Perrault, iniciada em Malévola (2014), trazendo novamente Angelina Jolie na pele da feiticeira.
Há cinco anos, o projeto de remakes de animações com atores ainda engatinhava, longe do status atual. Malévola foi apenas o segundo longa desse ciclo, após Alice no País das Maravilhas (2010). Hoje, Dona do Mal vem na esteira das marcas bilionárias de Aladdin e O Rei Leão – segunda maior bilheteria do ano, com US$ 1,6 bilhão.
O primeiro Malévola não se mostrou exatamente um primor. Fez boa arrecadação para os padrões Disney (US$ 758,5 milhões) e figura como um dos live-action mais bem resolvidos do estúdio. Não que a marca seja lá grande coisa, já que a nota de corte é puxada para baixo por O Rei Leão, por exemplo.
Fadas, natureza e fake news
A trama de Dona do Mal mergulha nas bases consagradas dos contos de fadas: guerras entre povos, reinos em crise e, claro, casamentos, inimigos fazendo as pazes e um tantão de amenidades. A princesa Aurora (Elle Fanning), adotada por Malévola ainda bebê, é pedida em casamento pelo príncipe Philip (Harris Dickinson).
Basta um noivado para chocar os reinos de Moors, habitado por Malévola, Aurora e uma porção de criaturas naturais e mágicas, e Ulstead, epicentro do mundo “civilizado”, com castelo, poderio militar e muros altos separando os humanos de supostos perigos lá fora – em especial os Seres das Trevas, que vivem às escondidas.
A futura união opõe os interesses das respectivas mães. A má fama da bruxa é alimentada entre os humanos pelas mentiras disseminadas pela rainha Ingrith (Michelle Pfeiffer). O mundinho das histórias de fantasia também sofre com as infames fake news.
O filme ainda embala, sobretudo para o público infantil, outras pontes com o mundo contemporâneo ao defender a necessidade de coexistir com o outro, o estrangeiro, o diferente, e os riscos que as ambições humanas impõem à natureza, o lar de todos.
Mas nada disso sobrevive à sensação de um filme excessivamente calculado, de “mais um” da fornada.
O trabalho do diretor norueguês Joachim Rønning, que correalizou com o conterrâneo Espen Sandberg Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar (2017) e o indicado ao Oscar Expedição Kon Tiki (2012), envolve dar tempo de tela generoso a Jolie e, de resto, administrar a maçaroca de efeitos visuais pouco deslumbrantes e um tanto genéricos.
O parco carisma da releitura se deve à presença enigmática de Angelina Jolie, em uma dinâmica de star system que lembra bastante Will Smith em Aladdin. Estrelas por vezes não salvam filmes, mas pelo menos os tornam assistíveis.
Avaliação: Regular