Crítica: “Além da Morte” é terror millennial inofensivo sobre o fim
Remake de “Linha Mortal” (1990) tenta atualizar trama sobre estudantes de medicina que se arriscam em experiências de quase morte
atualizado
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“Além da Morte” é o mais novo exemplo de remake anacrônico produzido por Hollywood. Com a desculpa da saudade noventista, o projeto pretende atualizar o terror psicológico e sobrenatural “Linha Mortal” (1990), dirigido por Joel Schumacher. Na mesma década, ele alcançaria o auge com “Um Dia de Fúria” (1993) e o fundo do poço com “Batman e Robin” (1997).
Nos dois longas, matriz e refilmagem, cinco estudantes de medicina fazem experimentos para entender o que se passa na frágil linha que separa a vida da morte. Para tal, decidem provocar paradas cardíacas neles mesmos por alguns segundos.
Após procedimentos de ressuscitação, os cinco vivem uma expansão mental sem precedentes. Courtney (Ellen Page), líder do quinteto, melhora seu desempenho acadêmico e ativa habilidades adormecidas, como tocar piano. Quatro amigos aderem ao “projeto” como baladeiros ansiosos para experimentar uma nova droga.
Refilmagem preguiçosa
Das maneiras mais rasteiras possíveis, com luzes se apagando de repente e sombras vagando entre quatro paredes, o diretor dinamarquês Niels Arden Oplev (“Os Homens que Não Amavam as Mulheres”) aos poucos combina thriller medicinal com terror psicológico.
É quando os cinco destemidos estudantes se assombram com aparições do além que remetem ao passado de cada um, como memórias que insistem em incomodar o presente.
Falando em flashback, quem volta do elenco original é Kiefer Sutherland, no mesmo papel de 1990 – agora como professor responsável pelos postulantes a residentes. Única pista bem-humorada numa produção que subaproveita todo um potencial imaginativo e nostálgico.
A proposta aparentemente esperta de rejuvenescer o original com uma vibe millennial – os cinco acreditam carregar o peso do mundo – carecia de um olhar cinematográfico no mínimo eficiente e cuidadoso. Não é o caso de “Além da Morte”, um remake que sequer merece ser chamado de genérico.
Avaliação: Ruim